O presidente da Câmara, Roselei Françoso (MDB), afirmou ser favorável a um modelo regionalizado de lockdown, caso seja necessário o fechamento das cidades por conta da disseminação do novo coronavírus.
Em entrevista à rádio CBN São Carlos, na manhã desta quarta-feira (16), o chefe do Poder Legislativo afirmou que não pode falar por todos os membros da Casa, mas opinou favoravelmente à atuação conjunta dos municípios.
“Olha, eu não sei te dizer a posição da Câmara como um todo. Não temos uma definição assim concentrada. O que temos, posso te dizer, é que eu, Roselei Françoso, presidente da Câmara, entendo que o lockdown regional para conter esses números traz resultados positivos”, opina.
O político pediu sensibilidade aos gestores da região para que avaliem a possibilidade de endurecer ou não as regras locais. Françoso revelou que o Ministério Público havia aventado a possibilidade de propor ao município a adesão a um lockdown conjunto caso alguma cidade da região decrete a medida, como, por exemplo, Araraquara. “Ou pensamos coletivamente ou vamos apanhar isoladamente”. Promotoria, Prefeitura e Câmara discutiram hoje novas ações em reunião no Paço.
“O reflexo disso é a morte das pessoas. Eu defendo que tenhamos a sensibilidade, se coloque no lugar das famílias que estão perdendo a vida. Pessoas com a capacidade produtiva, que por traz delas têm a família, têm sentimentos, uma série de questões que devem ser consideradas. Não podemos deixar as pessoas irem embora. Temos o dever legal de buscar o diálogo”, afirma.
Nesta busca de entendimento, Françoso afirma a que a Câmara tem procurado saídas para a emergência sanitária regional, com o envio de demandas e ideias dos parlamentares para as autoridades sanitárias locais e regionais. No município, foi solicitada a abertura de mais leitos de UTI.
“Sabemos que houve uma mudança na DRS-3, que agora entrou o Jéferson (Yashuda, novo chefe da repartição), que foi presidente da Câmara em Araraquara. Vamos buscar diálogo com ele, ver o que está pensando para poder articular de forma regionalizada. Porque senão não vamos buscar os resultados”, relata.
Para Françoso, o momento atual da saúde é de dificuldades, com “escassez danada de funcionários e médicos, que têm trabalhado manhã, tarde e noite dobrando o turno porque não tem mais profissionais”.
Para barrar o vírus, aconselhou usar a comunicação e trabalhar em diversas frentes. “Se não tiver unidade para tratar desse assunto vamos continuar apanhando dele. O vírus é invisível, vemos toda hora gente do nosso meio sendo contaminada, na sociedade inteira”.
Onde o sapato aperta
Sobre as relações e responsabilidades de vereadores e Prefeitura em meio a pandemia de Covid-19, Françoso afirmou das dificuldades no convencimento das gestões municipais da região em adotar medidas mais rígidas contra a disseminação do coronavírus.
“Eu disse ontem isso para o promotor, mas tenho que te dizer que a dificuldade que se tem é de convencer os prefeitos em geral”, conta.
Para traduzir a dificuldade vivida por gestores, o presidente da Câmara contou um diálogo recente que teve com o prefeito de Porto Ferreira, que traduz a dificuldade encontrada pelos gestores locais sobre as inúmeras pressões da sociedade pela flexibilização ou endurecimento das regras.
“Eu vou te falar uma coisa. Eu próprio estive com o prefeito de Porto Ferreira e ele disse que não ia fazer (o lockdown) porque ele mesmo sabe onde o sapato aperta. Quinze dias depois, olha a situação que Porto Ferreira passa”, conta.