O vereador Djalma Nery (PSOL) apresentou ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) denúncia contra a operadora de saúde Hapvida-São Francisco.
Segundo o documento, encaminhado ao promotor Luciano Ribeiro, a operadora está prescrevendo para os seus clientes medicamentos do chamado “kit Covid”, que não possuem comprovação de eficácia científica.
O vereador comenta também que médicos vinculados a este plano de saúde estão sendo forçados a fornecer esses medicamentos, como forma de tratamento precoce à covid-19. “As denúncias chegaram há aproximadamente dois meses. Recebemos contatos, mensagens, vimos uma matéria também na BBC falando sobre o caso. E em Araraquara, uma pessoa expôs uma receita, uma prescrição do medicamento que ela recebeu. Mesmo dizendo que não tinha interesse em tomar aquela medicação, saiu do atendimento no convênio São Francisco com a receita e a medicação”.
“A gente recebeu várias denúncias, tanto de pacientes como de profissionais da saúde, médicos que estavam sendo obrigados a prescrever (…). Para a gente ficou tudo mais explícito essa pressão para os médicos prescreverem e para que as pessoas tomassem”, complementou.
O vereador diz que o dossiê, ao comprovar as irregularidades, expõe atos que vêm sendo praticados na cidade e que precisam ser investigados pelo Ministério Público.
“Viola o bom senso, o princípio da precaução. São medicamentos que não só não tem eficiência, como, comprovadamente, podem ser danosos à saúde das pessoas. Então é um ato irresponsável, que beira o criminoso. Não existe liberdade médica para prejudicar os pacientes. Todos os médicos responsáveis com quem nós temos contato repudiam isso. Nós encaminhamos ao Ministério Público pedindo ciência e encaminhamentos. Solicitamos que eles, se entenderem assim necessário, instaurem um inquérito civil para investigar e avaliar”.
Outro lado
Procurada, a Rede Hapvida-São Francisco encaminhou a seguinte nota sobre a denúncia feita pelo vereador:
Sempre respeitamos a soberania médica quando o objetivo é salvar vidas. Dentre os 4 mil médicos das emergências e urgências da rede, aproximadamente metade adotou a hidroxicloroquina no tratamento conforme sugerido em protocolos dinâmicos, elaborados por um comitê médico internacional que se apoia em evidências clínicas e critérios do CFM – Conselho Federal de Medicina diante da excepcionalidade da situação, para prescrição em pacientes com sintomas leves no início do quadro clínico, em que tenham sido descartadas outras viroses (como influenza, H1N1, dengue), e que tenham confirmado o diagnóstico de COVID 19, desde que em comum acordo com os pacientes. A outra metade utiliza outras drogas. Isso comprova a total liberdade de tomar uma condução terapêutica.
Importante destacar que não há registros de internações resultantes de qualquer efeito colateral pelo uso do medicamento.
A empresa acompanha atentamente a jornada de todos os pacientes até o desfecho de cada caso.
Para nós, cada vida importa. Não hesitamos na hora de garantir o acesso à saúde, com os melhores protocolos médicos e medicações que se mostraram, em nossa experiência clínica, eficientes no enfrentamento do vírus, sobretudo no início dos sintomas.
Referência CFM – https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28672:2020-04-23-13-08-36&catid=3