O vereador Marquinho Amaral (PSDB) protocolou na Câmara Municipal de São Carlos, na tarde desta sexta-feira (12), pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar gastos e alguns atos da Secretaria Municipal de Saúde.
O parlamentar informou que vai solicitar informações sobre todos os gastos da Prefeitura de São Carlos relacionados à pandemia de Covid-19. “Nós protocolamos um requerimento solicitando a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar para onde foi destinado todo recurso recebido do governo federal e estadual para o combate ao coronavírus”, disse o propositor.
De acordo com o requerimento, a saúde pública passa por sérias dificuldades e cabe aos vereadores fiscalizar os atos do “despreparado” secretário de Saúde Marcos Palermo, que não tem demonstrado transparência em sua gestão. “É inegável que ele trabalha muito, mas ele não é uma pessoa que tem liderança sobre a equipe, uma pessoa que não valoriza os funcionários de carreira do município. Uma pessoa que a cada minuto fala uma coisa”, afirmou Marquinho Amaral.
Além disso, o propositor afirma que a campanha de vacinação contra a Covid-19 está confusa e sem norte na cidade. “Eu tenho recebido muitas reclamações e, sem dúvida nenhuma, está uma bagunça a vacinação. Nós temos grandes profissionais da saúde que trabalham, mas, infelizmente, essas pessoas não são valorizadas pelo secretário Palermo”.
“Nós temos visto, inclusive, algumas pessoas furando a fila. O próprio vereador Djalma Nery solicitou hoje na Câmara Municipal uma audiência pública, e nós fomos favoráveis, para discutir os critérios da fila da vacina”, complementou Marquinho Amaral.
Apesar de discordar da condução do secretário na pasta da Saúde, o vereador negou que tenha apresentado o pedido de abertura da CPI para pressionar o prefeito Airton Garcia (PSL) a trocar o secretário. “Quem decide quem é o secretário, quem fica, quem muda, é o prefeito, nós não queremos jamais pressionar. Queremos, independente de quem seja o secretário, que as coisas andem, e as coisas não tem andado. Queremos ações, nós não discutimos pessoas”.
Por fim, Marquinho Amaral afirmou que o secretário anda acusando os vereadores, nos bastidores e sem apresentar provas, de tentarem interferir na Secretaria de Saúde. “Ele tem dito que os vereadores querem passar gente na frente, que querem dar emendas parlamentares, que isso é ilegal, que não pode dar emenda parlamentar para compra de uma prótese, de um aparelho de surdez. Mas isso tem acontecido historicamente na cidade, por que só agora ele fala que não pode? “, questionou.
“Então ele fica com ameaças veladas, dizendo que vai denunciar os vereadores no Ministério Público. Então eu vou querer saber, na CPI, quem são esses vereadores, os nomes, e quem são as pessoas beneficiadas. Chegou a hora de nós abrirmos a caixa preta da saúde”, concluiu o parlamentar.
Outro lado
Procurado pela reportagem do ACidade ON, o secretário de Saúde de São Carlos, Marcos Palermo, disse que respeita o direito que o vereador tem de pedir a abertura de CPI e se colocou à disposição para prestar todos os esclarecimentos. “É um direito do gestor público e também do parlamentar de questionar todos os órgãos públicos, todas as contas, todas suas atividades. Acho que é um direito dele, não há problema algum. Caso seja instaurada a CPI, nós estamos aptos a recebê-los e informar o que for necessário. Não há porque divergir disso. O que for solicitado será enviado”.
Com relação à campanha de vacinação contra a Covid-19, Palermo disse que existem diretrizes diferentes do Ministério da Saúde e do governo de São Paulo, o que gera confusão em relação aos protocolos que devem ser adotados no município.
O secretário também informou que a vigilância epidemiológica ficou responsável por todo o processo de vacinação em São Carlos. “A questão da vacina é muito técnica e compete a vigilância epidemiológica. Eu não atuo nessa área, eu não opino nessa área, porque não me compete. Eu apenas dou as diretrizes, elas discutem em grupo e tomam as decisões”.
Questionado sobre o motivo de educadores físicos de academia estarem sendo vacinados antes dos idosos, Palermo afirmou que eles também são considerados profissionais da saúde. “Nós estamos vacinando toda equipe da saúde simultaneamente com os idosos. Profissionais de saúde das academias, eles são profissionais de saúde, elas são profissionais assistencialistas, considerando que eles atendem idosos em fisioterapia, que praticam atividades em academias, e vão in loco nas residências. Fazem parte sim do setor da saúde”.
No entanto, disse que esses profissionais precisam comprovar que estão exercendo alguma função na área da saúde e que, se algum furou a fila, será punido. “Se houve alguma falha, algum conflito de interesse, será apurado e denunciado. Não precisa nem ele denunciar, eu mesmo denuncio ao Ministério Público”.