Membros da CPI da Saúde criticaram a administração da Santa Casa e levantaram a possibilidade de instalar nova CPI exclusiva para apurar as contas do hospital, chamada de “caixa preta” por parlamentares.
“Senhor presidente, (foi) uma decepção para nós vereadores que estávamos ali naquele momento. Seis pessoas esperando leitos só na Vila Prado mais duas no Santa Felícia. Por baixo, encontramos dez leitos de enfermaria vazios”, criticou.
Aproveitando o “embalo”, o presidente da CPI, Marquinho Amaral (PSDB), sugeriu aos membros da comissão a convocação do provedor Antônio Valério Morillas, da Santa Casa. Para o tucano, as contas do hospital são uma “caixa preta”. Apesar de privado e filantrópico, o hospital recebe recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A Santa Casa está um sumidouro de dinheiro. A Santa Casa é uma caixa preta que precisa e deve ser investigada. É um local onde estão se perpetuando no poder”, comentou.
Amaral ainda prosseguiu, falando que a Santa Casa cobra “mundos e fundos população”. “Dez leitos à disposição e pessoas morrendo das UPAs”.
“Sugiro até que após o término dessa CPI da Saúde possamos fazer uma comissão para investigar a Santa Casa porque não podemos mais, sob pena de nós sermos responsáveis pelas mortes que estão ocorrendo por negligência”, emendou.
As reclamações dos vereadores prosseguiram com Dé Alvim (Solidariedade). Para ele, não é “pouco dinheiro” que entra no hospital filantrópico.
“Entre fontes 1, 2 e 5 são R$ 67 milhões por ano. É muito dinheiro. Então veja só: acompanhei pacientes da UPA que foram para a Santa Casa em vaga zero e médicos dizendo se for particular tem (leito). E SUS, morre no corredor?”, questiona.
O fechamento do Pronto Atendimento, anunciado em fevereiro, sob a justificativa de focar os esforços no front da Covid-19 não foi bem digerido pelos vereadores. Seis meses depois, Carvalho questionou os pagamentos da contratualização que manteria o espaço aberto.
“Nunca foi falado o valor do repasse que é feito no contrato com a Prefeitura. O que vão fazer com o repasse? Se não me engano, são R$ 160 mil por mês para ter o Pronto Atendimento aberto e foi fechado pela Covid”, indaga.
Outro lado
Questionada, a Santa Casa rebateu, em nota, as denúncias dos vereadores da CPI da Saúde. Afirmou que recebeu, no ano passado, R$ 100 milhões, mas teve gastos de R$ 131 milhões no mesmo período.
O hospital disse ainda que dentro de seu site mantém o Portal da Transparência, ferramenta através da qual “todos os convênios públicos (municipais, estaduais ou federais) dos quais o hospital faz parte, bem como a prestação de contas de como esses recursos foram aplicados”. “Além disso, todas as contas são auditadas pelos órgãos competentes.”
A Santa Casa disse ainda que a administração é feita por “pessoas voluntárias, que compõem a Mesa Administrativa, incluindo o Provedor”.
“A cada dois anos, são feitas eleições para a escolha dessa Mesa Administrativa e do Provedor. O Sr. Antônio Valério Morillas Júnior é Provedor há 10 anos, tendo sido reeleito em março de 2021”, afirma a nota.
Por fim, o hospital reiterou “o compromisso com a transparência e com a lisura e que está à disposição para quaisquer eventuais esclarecimentos”.