A atendente de caixa Isabela Albuquerque de Sousa Neves, de 22 anos, acusa médicos da Santa Casa de São Carlos de terem esquecido uma gaze de 15 centímetros em seu corpo e de negligência quando buscou atendimento na instituição.
A suposta negligência ocorreu após uma curetagem uterina realizada devido a um aborto espontâneo. O corpo estranho foi descoberto depois de quase um mês.
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O caso foi registrado junto à Polícia Civil de São Carlos e será objeto de investigação no 3º DP (Distrito Policial). Procurada, a Santa Casa de São Carlos afirmou que irá analisar os relatórios do caso. (veja a resposta completa no fim da reportagem)
Em entrevista ao acidade on, a vítima afirmou que o hospital prestou um mau atendimento no decorrer da gestação, entregou ficha pessoal de outra paciente por engano e ainda teria se negado a repassar cópia do prontuário. O atendimento foi realizado no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), em que a instituição é paga pelo governo para realizar o serviço.
Isabela narrou a situação vivida. Na altura das dez semanas de gestação, ela passou a sofrer sangramentos uterinos e chegou a recorrer à maternidade duas vezes para procurar saber o que ocorria com sua gravidez.
“Sempre eles me mandavam embora para casa, falando que era normal, né, o sangramento”.
Na última tentativa, a atendente de caixa voltou a buscar amparo no hospital, mas era tarde demais. Seu bebê estava sem batimentos cardíacos. Era um domingo, 28 de maio.
“Na última vez que foram me internar, porque eu já estava com bastante sangramento, com o colo do útero aberto. Internaram, fizerem ultrassom e identificaram que o bebê já estava sem vida”, afirmou.
Em boletim de ocorrência, a jovem afirmou que o bebê estaria morto desde a oitava semana de gestação e a constatação do hospital se deu somente com dez semanas e cinco dias.
Diante da situação, permaneceu internada e foi submetida a uma curetagem no dia seguinte. O procedimento raspa a cavidade uterina com o objetivo de remover os restos placentários de um aborto. Teria sido neste momento, inclusive, que a gaze tano teria sido deixada pelos profissionais da Santa Casa.
No momento da alta hospitalar, Isabela afirma que os médicos teriam entregue a documentação de uma paciente que estava junto a ela no quarto.
“Na hora que eu cheguei em casa, eu fui ver a papelada toda e vi que tinha um laudo que não era meu, que era da minha companheira de quarto, tinha até as doenças que ela tinha. Isso ficou exposto para mim. Eu comentei depois com a médica e ela disse que saem várias folhas da impressora e acontece isso”, rememorou.
Dias depois, a jovem relata que o sangramento uterino voltou a ocorrer, logo após passados as duas semanas de afastamento.
“Começou a vir um pequeno sangramento. Achei que era normal por conta do procedimento, mas vinha com um odor. Quando eu fui tomar meu banho eu percebi que havia uma coisa diferente. Eu reparei e comecei a puxar. Era uma gaze do tamanho de um pano de chão, que estava dentro do meu canal vaginal”, relata.
A descoberta da gaze se deu por volta do dia 25 de junho, quase um mês depois da curetagem na Santa Casa de São Carlos.
“Eu liguei para a Santa Casa e falaram para mim ir até lá passar na consulta. Chegando lá, passei com a médica que me examinou, falou que estava tudo bem. Examinou assim: de olho. Não coletou nenhum material, não pediu nenhum exame. Falou que estava tudo bem, tudo normal, mas que realmente tinha sido um erro médico, que não era para acontecer isso”, afirma.
Isabela afirma que pode ter sido exposta a alguma infecção, alguma bactéria. “Só vou saber quando, realmente, eu fazer os exames”.
“Era uma coisa podre dentro de mim por um mês, praticamente”.
A jovem afirma que procurou um advogado para ingressar com uma ação contra a Santa Casa de São Carlos.
“Do mesmo jeito que esqueceram um pano, eles podem estar esquecendo uma luva, uma tesoura, um bisturi, porque eu já vi acontecer isso”.
O QUE DISSE A SANTA CASA
Em nota, a Santa Casa afirmou que a diretoria técnica da instituição “irá analisar atentamente os relatórios médicos para entender o que ocorreu”.
Sobre a negativa de fornecimento de prontuário, o hospital “ressalta não ter recebido nenhuma solicitação formal pela Central de Relacionamento (Ouvidoria), setor responsável pelo fornecimento do documento”.
A Santa Casa se colocou à disposição da paciente e dos familiares para demais esclarecimentos.
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