Algumas cidades do Estado aderiram ao que chamam de “xepa da vacina” para utilizar as doses que sobram em pessoas fora do grupo de risco da Covid-19. Em São Carlos (SP), no entanto, essas doses são utilizadas dentro dos grupos prioritários.
A questão foi bastante comentada nas redes sociais após uma são-carlense questionar em vídeo o motivo da cidade não aderir à xepa, que consiste na aplicação de doses remanescentes, na urgência de vencimento ou ausência de público, em pessoas que estiverem fora dos grupos prioritários previstos.
Os municípios têm autonomia para distribuir as vacinas que sobram da forma que for mais conveniente. Em São Carlos, as “sobras” dos frascos são utilizadas para imunizar profissionais da saúde, estudantes e docentes de cursos técnicos e superiores da área, como explica Crislaine Mestre, diretora de Vigilância em Saúde.
“Para poder atender a esse público de profissionais de saúde, a gente acaba utilizando essas doses remanescentes dos frascos de vacina, independente de qual seja o laboratório produtor. Nós não utilizamos xepa para vacinar outros grupos, e sim nos grupos prioritários. Nós já fizemos, de primeira dose para trabalhadores de saúde, um total de 10.308 doses”.
De acordo com a diretora, os departamentos fazem avaliação junto das unidades de saúde e postos volantes em sistema drive-thru e entram em contato com esses profissionais para irem até o local especificado para aplicação da dose.
“Tenho aqui um e-mail onde recebo o e-mail de profissionais da saúde, alunos e docentes que estão retornando aos estágios, falando quando vai começar o estágio, e também de profissionais da saúde que ainda não foram imunizados. A gente entra em contato para que eles possam se dirigir até as unidades para fazer o uso dessas doses”, disse.
Crislaine salienta que todos os munícipes que se enquadram nesta categoria serão contemplados de acordo com o retorno das atividades presenciais como estágios e aulas, por exemplo. “A gente recebeu da UFSCar e dos cursos técnicos do Atheneu, Senac e CPS, um cronograma de retorno dos estágios, então conforme vai chegando próximo ao retorno, a gente vai fazendo a aplicação dessas doses”, explicou.
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Espera nas filas
Em alguns bairros da cidade, as pessoas precisam aguardar na fila até a chegada da quantidade certa para abertura dos frascos dos imunizantes. Essa situação, segundo Crislaine, é para que se tenha mais controle no momento da vacinação, já que a determinação do Governo do Estado é de que não se perca nenhuma dose.
“A gente ampliou postos de vacina por conta do número de filas, porém com a ampliação desse número, a gente tem a preocupação de no final do dia ter sobras de vacina e não conseguir todo o público para utilização”, explicou.
Nestes casos, os servidores das unidades de saúde anotam os contatos dessas pessoas e pedem para que elas retornem posteriormente para receberem a dose do imunizante, mas ninguém deixa de ser imunizado.
“Como a gente tem que respeitar os grupos prioritários, a gente fez a orientação nas unidades para que tomem cuidado de não ter essa sobra maior do que a gente tem de pessoas para serem imunizadas com as doses remanescentes. Não posso me dar ao luxo de abrir um frasco e não ter essas seis pessoas para tomarem as doses. A gente tem que seguir a especificidade do que está escrito na bula”, finalizou.