As duas vacinas disponíveis para aplicação em São Carlos (SP) têm tecnologias diferentes, mas se assemelham em segurança e eficácia, segundo o médico epidemiologista e professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bernardino Alves Souto.
A Coronavac e a vacina de Oxford (cujo nome oficial é ChAdOx1) têm estratégias bastante diferentes. O imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, da China, usa um método mais “tradicional”, com vírus inativado.
A estratégia do vírus inativado é usada em vacinas comuns e já aplicadas em massa na população, como os imunizantes contra a poliomielite, hepatite A e tétano, que provocam o corpo a produzir defesas.
“A vacina Coronavac é feita de vírus morto. Então o vírus morto é injetado no corpo, que produz anticorpos contra esse vírus. Tem que tomar uma dose num dia e a segunda dose de 14 a 28 dias depois”, explica.
Já no caso da vacina de Oxford, feita em parceria com o laboratório AstraZeneca, parte do genoma do vírus é inserida dentro de uma cápsula viral de outro, como um “Cavalo de Troia”. O efeito é o mesmo: induzir a produção de anticorpos contra essas partículas. No caso, os cientistas introduziram partículas do novo coronavírus, o Sars-CoV-2, em um tipo de adenovírus de chipanzé, chamado de vetor viral. “Todas essas duas vacinas são seguras, têm uma eficácia razoável e usam o mesmo tipo de armazenamento”.
De acordo com o epidemiologista, ambas vacinas têm a vantagem de usar o mesmo tipo de armazenamento. Ambas demandam refrigeração de 2 a 8°C. O cuidado maior se dá na hora da aplicação da segunda dose.
“Quem tomar uma vacina, na segunda vai ter que usar a mesma. Não é aconselhável tomar a primeira dose de uma e a segunda de outra porque não existe teste clínico verificando qual o efeito de se tomar duas vacinas diferentes”, ressalta.
As vacinas têm intervalo de doses diferentes. Daí o imunizante desenvolvido por Oxford leva vantagem, uma vez que é possível vacinar mais pessoas usando a mesma quantidade de doses. “A vacina de Oxford tem o intervalo de 12 semanas e a Coronavac é de 14 a 28 dias”, comenta.
Muitos se perguntam em quanto tempo a vacina começa a fazer o efeito no organismo. No caso da Coronavac o prazo é de 28 dias. Já a duração da imunização é uma incógnita, segundo o professor.
“Os testes feitos até agora não conseguiram avaliar se a imunidade perdura por mais de três ou cinco meses, pois não houve tempo ainda de avaliar o resultado de eficácia por um tempo prolongado”, comenta.
Genética, existência de outras doenças (a chamada comorbidade), uso de medicamentos e faixa etária são fatores que poderão prolongar ou reduzir a duração da imunidade vacinal, de acordo com o epidemiologista.
A eficácia das duas vacinas são diferentes. Enquanto que a Coronavac tem 50,4%, a vacina de Oxford tem 70,4%.