A realização de testes sorológicos para aferir se a vacina contra a Covid “pegou no organismo” nem sempre tem resultados confiáveis, segundo o professor de medicina da UFSCar e diretor da Fiocruz São Paulo, Rodrigo Stabile.
Não são em todas as vezes que o sistema imunológico apresenta reações biológicas que são detectadas por exames comuns. Entre as “pegadinhas” do sistema imune estão os diferentes tempos de resposta. No caso da Coronavac, somente após a segunda dose é que o sistema imunológico será “acordado”, de acordo com o médico. Já os outros dois imunizantes começam a ter as reações após duas semanas da primeira dose.
Stabile explica que por vezes, exames comuns mostram “pouco” ou “nenhum” anticorpo contra o Sars-CoV-2, o que leva às pessoas acreditaram que estejam vulneráveis à Covid.
“Muitas vezes com o teste convencional de anticorpos não conseguimos ver os anticorpos produzidos pela vacina. Isso não quer dizer que a vacina esteja ineficiente. Como é rastro vacinal e não a doença, apenas acordamos o nosso sistema imunológico para que ele possa ser responsivo quando tivermos contato com o vírus que está sendo transmitido por outra pessoa”, comenta.
Para o médico, é melhor confiar nas avaliações feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por dar a chancela obrigatória para os imunizantes e medicamentos.
As vacinas disponibilizadas no Brasil protegem, principalmente, contra casos moderados e graves que provocam hospitalizações e mortes da Covid. Mesmo quem está vacinado completamente pode contrair e infectar outras pessoas.
Os imunizantes em uso no país têm o objetivo em comum de produzir a proteção individual e coletiva. Apesar de terem a mesma função, eles são obtidos de maneiras distintas, afirma o especialista.
“Duas delas, AstraZeneca e Pfizer usam uma metodologia nova em produção de vacina e trabalham com material genético do vírus. A outra, Coronavac trabalha com vírus inativo. Nenhuma das vacinas causam a doença da Covid-19. Essa é a primeira fake news”, explica.
Cuidados constantes
Enquanto a vacinação não chega a patamares de proteção coletiva, a população deve continuar a seguir as regras básicas da “etiqueta de higiene”, como usar máscara, manter o distanciamento social, evitar aglomerações e limpar constantemente as mãos com água e sabão ou álcool em gel.