23 de março de 2025
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EP Agro

A participação feminina no agronegócio: avanços e obstáculos no caminho da liderança

Cada vez mais mulheres presentes na gestão rural, mas barreiras culturais ainda limitam sua ascensão no setor agropecuário

Cada vez mais mulheres presentes na gestão rural, mas barreiras culturais ainda limitam sua ascensão no setor agropecuário. (Foto: Freepik)

Por Luana da Fonte

A presença feminina no agronegócio tem se expandido significativamente ao longo dos anos. Se antes as mulheres estavam restritas a papéis secundários dentro das propriedades rurais, hoje elas ocupam posições de liderança e protagonizam a gestão de negócios agropecuários. No entanto, apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados.

Segundo um levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com a Embrapa e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres administram cerca de 30 milhões de hectares no Brasil, o que representa 8,4% das áreas rurais do país. Além disso, 1,7 milhão de mulheres atuam na gestão das propriedades, seja de forma exclusiva ou compartilhada.

Para a consultora em sucessão familiar Mariely Biff, que também é coautora do livro ‘Mulheres no Agro: Inspirações para Vencer Desafios Dentro e Fora da Porteira’, essa evolução é fruto de diversos fatores, como a mudança no perfil das famílias rurais, iniciativas de empresas para inclusão feminina, a criação de grupos de apoio e o aumento de eventos técnicos voltados para o público feminino.

“Antigamente, as mulheres acompanhavam os trabalhos nas propriedades rurais, mas não tinham voz na tomada de decisão. Com o passar dos anos, firmaram seus lugares tanto dentro quanto fora da porteira, participando ativamente da gestão e em cargos de liderança”, destaca Mariely.

Entretanto, o setor agropecuário ainda resiste em aceitar a mulher como protagonista. De acordo com Mariely, algumas famílias e empresas mantêm uma visão ultrapassada, enxergando a mulher apenas como cuidadora do lar, sem capacidade para liderar. “Esta barreira cultural precisa ser quebrada. As mulheres precisam ser genuinamente ouvidas. Há uma frase que diz o seguinte: ‘diversidade é quando você tem um lugar na mesa. Inclusão é quando você pode falar. Pertencimento é quando você é ouvida.’”, explica a consultora.

Outro desafio apontado por ela é a sucessão familiar no campo, problema que os meninos e meninas sofrem, mas é ainda mais complexo para elas. De acordo com a consultora, “os filhos costumam ser preparados para o processo, enquanto as filhas, muitas vezes, seguem carreiras fora do setor. Quando surge a necessidade ou o desejo de assumir a gestão da propriedade, elas não se sentem preparadas para isso”.

A resistência da geração anterior e a falta de reconhecimento também dificultam a trajetória feminina no agro. “Falta de oportunidade para terem suas ideias aceitas, para mostrar sua competência, descrédito de familiares e colaboradores, questões emocionais do sucedido que muitas vezes sonha com a sucessão de outra forma”, acrescenta Mariely.

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Para que mais mulheres conquistem espaço no agronegócio, a consultora ressalta a importância do acesso ao conhecimento, da troca de experiências e da construção de redes de apoio. “Proporcionando conhecimento e acesso; Dividindo experiências e acolhendo com amor e tolerância quem está começando agora; Dando voz e colaborando para que elas cheguem aos mesmos lugares; Formando alianças, grupos e comunidades para ampliar o diálogo e o compartilhamento de ideias.”, afirma.

O crescimento da participação feminina no agro é uma realidade, mas os desafios ainda existem. Superá-los passa pela quebra de paradigmas, pelo incentivo à qualificação e pelo reconhecimento do papel da mulher na construção de um setor cada vez mais forte e diverso.

Supervisionado por Virgínia Alves.

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