*Por Luana da Fonte
Plantar tomates em casa é uma prática cada vez mais comum entre quem busca uma alimentação mais saudável e deseja se aproximar do cultivo de seus próprios alimentos. Segundo o pesquisador Roberto Botelho Ferraz Branco, do Instituto Agronômico (IAC), é possível ter sucesso mesmo em pequenos espaços — desde que se sigam algumas orientações básicas.
A escolha do momento certo para iniciar o cultivo é fundamental. “O tomateiro prefere dias ensolarados e noites frias (amplitude térmica) para produzir adequadamente”, explica Ferraz Branco. No interior do estado de São Paulo, ele recomenda começar o plantio no outono/inverno, quando há menor incidência de doenças. “Na primavera/verão também se consegue produção, mas chuvas e temperaturas elevadas aumentam muito a incidência de doenças.”
Para quem está começando ou tem pouco espaço, a melhor escolha são os tomates do tipo grape. “As variedades mais adequadas para produção doméstica são os minis tomates por serem mais resistentes à pragas e doenças e produzirem por período mais longo”, afirma o pesquisador. Já que os tipos maiores, como Italiano e Santa Cruz, são mais vulneráveis e exigem mais cuidados.
A forma de iniciar o cultivo também interfere no tempo até a colheita. “Plantar tomates por mudas é mais comum e ganha tempo, aproximadamente 30 dias para iniciar a produção”, diz Ferraz Branco. A semeadura direta no solo é possível, mas demanda paciência. Nesse caso, a semente deve ser colocada a 2 cm de profundidade e coberta com uma fina camada de terra.
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O solo ideal deve ter boa drenagem e pH entre 5,5 e 6,5. “Solos arenosos são preferidos, porém o tomateiro também produz bem em solos argilosos com boa drenagem”, orienta o especialista. Em vasos, o cultivo exige ainda mais atenção com a rega e a adubação. “São recomendados vasos de 10 a 12 litros, preenchidos com solo, substrato ou, de preferência, uma mistura dos dois”, acrescenta.
A luz solar direta é essencial, com uma ressalva para os dias mais quentes. “Somente quando cultivado na primavera/verão é desejado que o proteja com tela de 30% de sombreamento, especialmente nas horas do dia de maior insolação”, explica Ferraz Branco.
Quanto à rega, o solo deve ser mantido sempre úmido. “No início do cultivo quando as plantas ainda são pequenas a irrigação deve ser feita com menor frequência, 3 vezes por semana, porém quando as plantas estiverem produzindo frutos a irrigação dever ser diária”, afirma. Uma planta adulta pode consumir cerca de 5 litros de água por dia.
Um dos maiores desafios no cultivo de tomates é o controle de pragas. “As principais pragas que atacam o tomateiro são os tripes, pulgões e mosca branca, pequenos insetos que transmitem viroses e importantes de controle na fase inicial de crescimentos da planta”, alerta Ferraz Branco. Mais adiante, lagartas como a traça do tomateiro e a broca pequena do fruto também podem causar danos. Como o uso de agrotóxicos não é indicado em hortas domésticas, o manejo orgânico e o monitoramento constante são as melhores alternativas.
O tomate começa a produzir entre 65 e 80 dias após o transplante das mudas, dependendo da estação. A colheita deve ser feita no ponto certo. “O ponto de colheita dos frutos é quando começa a mudar a tonalidade de coloração de verde para amarelo avermelhado, pois nessa fase aumenta a vida útil pós-colheita. Porém quanto mais maduro for colhido, vermelho intenso, mais saboroso será o fruto”, destaca o pesquisador.
Com cuidados simples e dedicação, é possível colher tomates frescos em casa durante boa parte do ano. Além de saborosos, eles carregam o sabor especial de terem sido cultivados com as próprias mãos.
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*Supervisionado por Virginia Alves