*Por: Marina Fávaro
No EP Agro deste sábado, conhecemos a atemoia. Uma fruta que é resultado de um processo conhecido como cruzamento ou hibridização. Mas, na prática, o que é isso? É o processo que combina características – geralmente, atributos favoráveis – de duas variedades diferentes de frutas para criar uma nova variedade.
Segundo Luiz Antonio Junqueira Teixeira, que é diretor do Centro de Frutas do Instituto Agronômico (IAC), as hibridizações intraespecíficas (entre indivíduos da mesma espécie) e interespecíficas (entre indivíduos de espécies diferentes) são técnicas empregadas nos programas de melhoramento genético.
Aumento de produtividade ou qualidade de frutos, resistência às pragas e doenças, adaptação climática, obtenção de ‘novidades’ gastronômicas são alguns dos objetivos das hibridizações de acordo com o pesquisador. “É importante salientar que essa técnica de hibridização é muito utilizada no melhoramento convencional, não devendo o híbrido ser confundido com um organismo geneticamente modificado (OGM)”, explicou o pesquisador.
Listamos a seguir cinco frutas que resultam de cruzamento.
Castanha portuguesa: resulta do cruzamento entre a castanha portuguesa (Castanea sativa) e a castanha japonesa (C. crenata). A castanha portuguesa é conhecida por seu sabor adocicado, porém requer uma quantidade de frio não disponível em grande parte do Brasil. Assim, o cruzamento com a espécie oriental proporciona maior rusticidade, permitindo o cultivo em regiões de inverno ameno.
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Boysenberry: é a hibridização da amora preta (Rubus sp.), framboesa (Rubus idaeus) e amoras silvestres (Rubus sp). Os frutos deste híbrido são escuros e buscam agregar diversos benefícios nutricionais nas espécies parentais.
Goiaba: resulta do cruzamento da goiaba (Psidium guajava) e araçá (P. cattleianum). Os cruzamentos com espécies nativas rústicas buscam inserir em variedades comerciais de goiabeiras a resistência ao fitonematóide Meloidogyne enterolobii que, em associação com o fungo Fusarium solani, promove a doença conhecida como declínio da goiabeira.
Toranja (ou grapefruit): é o cruzamento entre a laranja (Citrus sinensis) e o pomelo (C. maxima). O resultado é uma fruta de aparência similar à laranja, mas com gomos bem avermelhados. Além disso, é fonte de vitamina A e C, antioxidantes, fibras e potássio.
Tayberry: é o cruzamento entre a amora preta (espécie) e a framboesa (Rubus idaeus). É fonte de vitamina A, C e K, fibras, antioxidantes, potássio e manganês. Por esse motivo, o híbrido busca reunir os benefícios que as frutas vermelhas trazem à saúde, como proteger o sistema imunológico e atuar no controle do colesterol.
Luiz afirma que na Europa há uma maior tradição para híbridos, em especial do tipo interespecífico. “Isso porque o mercado de frutas brasileiras ainda é muito resistente para novas cultivares. Além disso, ao comparar Brasil-Europa, o continente europeu tem uma diversidade de frutas muito menor por conta do clima temperado”, concluiu.
* Sob supervisão de Virgínia Alves
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