Por: Marina Fávaro
Pesquisadores do Laboratório de Acarologia do Instituto Biológico (IB) identificaram que algumas espécies de ácaros podem ser utilizadas no controle biológico de pragas, como insetos e ácaros fitófagos. Animais fitófagos se alimentam de plantas e causam, por consequência, grandes prejuízos para a agricultura.
“As pesquisas envolvem prospecção de novas espécies com potencial de uso como agentes de controle biológico de pragas, aprimoramento de metodologias de criação em laboratório e estratégias de liberação em campo para o controle de pragas”, conforme destacaram os pesquisadores responsáveis pelo estudo.
Moscas-brancas e tripes são exemplos de insetos que podem ser controlados biologicamente por meio do manejo adequado de ácaros predadores. A mosca-branca é um inseto sugador que rouba os nutrientes da planta em que se hospeda, podendo prejudicar mais de 500 culturas comerciais e silvestres, principalmente, em países com predominância do clima tropical. A soja, que é considerada uma importante commodity no país, é uma das culturas prejudicadas por esse inseto.
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Os tripes, por sua vez, são insetos pequenos que se alimentam da seiva das plantas, sugando e raspando as flores, folhas e frutos. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o inseto ataca, principalmente, o tomate, a soja e o algodão. “Controlar essas pragas com algumas espécies de ácaros predadores é um passo importante em virtude da dificuldade do controle com uso de inseticidas químicos”, disseram os pesquisadores do IB.
Os cientistas concluíram que “para hortaliças e plantas ornamentais, o uso de ácaros predadores de diferentes espécies pode contribuir para o estabelecimento de uma agricultura mais sustentável, com menor necessidade de uso de acaricidas e inseticidas químicos para o controle das pragas agrícolas”.
Mario Sato, que é pesquisador do IB, destaca que “cada espécie de ácaro tem suas características particulares e é utilizada para o controle de um grupo de pragas”. O Neoseiulus californicus, por exemplo, é utilizado principalmente para o controle de ácaro-rajado e ácaro-da-leprose dos citros. Amblydromalus limonicus para o controle biológico de tripes e moscas-brancas, além “ser avaliada para o controle de ovos do psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening dos citros”. E, por fim, o Stratiolaelaps scimitus tem sido utilizado para o controle das fases de tripes (pré-pupa e pupa) que vivem no solo, enquanto A. limonicus tem sido utilizado para o controle de larvas de tripes, que ocorrem na parte aérea das plantas.
O pesquisador conclui que alguns ácaros utilizados para o controle biológico já estão no mercado. Outros, por sua vez, se encontram em fase de teste.
*Sob supervisão de Marcelo Ferri
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