Um estudo coordenado pela Embrapa Clima Temperado, no Rio Grande do Sul, gerou dados e estabeleceu procedimentos para o emprego seguro do leta (lodo das estações de tratamento de água) na agricultura. A pesquisa envolveu especialistas de diversas instituições e subsidiou a elaboração de uma resolução normativa do Consema-RS (Conselho Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul).
As companhias de saneamento costumam ter problemas para destinar o leta, que costuma ser disposto em aterros sanitários.
Só a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), produz cerca de 51 milhões de litros de lodos de estações de tratamento de água, além de 32 milhões de litros de lodos de estações de tratamento de esgoto.
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De acordo com a pesquisa encabeçada pela Embrapa, se for devidamente tratado, o leta pode condicionar solos arenosos, preservando sua qualidade, e até promovendo pequenos aumentos da produtividade de lavouras experimentais de milho e azevém, em circunstâncias específicas. O estudo também apontou que quando o leta é utilizado na formulação de substrato e apresentam benefícios como incremento de altura, de volume radicular e precocidade das plantas.
OS ESTUDOS
Os estudos apontam que os letas tendem a aumentar proporcionalmente ao crescimento da população humana. Para o pesquisador da Embrapa, Adilson Bamberg, é urgente a introdução de novas soluções para a destinação segura e eficiente dos resíduos.
Como os letas são resíduos formados, predominantemente, de partículas naturais de silte, argila e matéria orgânica presentes na água bruta captada de rios, lagos, barragens e poços, essas partículas podem ser removidas por meio de tecnologias tradicionais como a floculação, a decantação e a remoção com filtros para obtenção da água tratada e os resíduos podem ser aplicados em solos de forma segura, sem riscos ao meio ambiente.
SOLOS
O estudo também aponta que os solos brasileiros são, em sua maioria, ácidos, com pH menor que 6 e naturalmente pobres em nutrientes, com concentrações significativas de elementos como alumínio, ferro e manganês.
“Quando aplicados aos solos, os Letas podem apresentar concentrações de alumínio, ferro e manganês em níveis que vão limitar o pleno desenvolvimento das culturas agrícolas”, ressalta Bamberg.
“Os Letas avaliados não apresentaram concentrações significativas de metais pesados, organismos patogênicos nem contaminantes orgânicos, não sendo potencial fonte de risco para o meio ambiente”, conta a pesquisadora Rosane Martinazzo, da Embrapa.
O uso de letas em solos arenosos e de áreas degradadas tem se mostrado promissor. Mesmo sem ter quantidades significativas de nutrientes para plantas, os lodos têm potencial de incrementar o teor de matéria orgânica, trazendo benefícios, agregando a retenção de água e de nutrientes em solos mais frágeis.
“Outra possibilidade para os Letas é a sua utilização como matéria-prima para substratos para plantas, em combinação com os materiais comumente utilizados neste tipo de produto”, afirma Martinazzo.
Participaram da pesquisa profissionais da Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com o apoio técnico e financeiro da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e o acompanhamento da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam-RS) e do Ministério Público Estadual (MP-RS). Mais informações sobre a pesquisa podem ser acessadas no site da Embrapa (Clique aqui para acessar).
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