Um estudo realizado pelo IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP (Universidade de São Paulo) mostrou que é possível fazer reflorestamento de uma forma mais viável para os agricultores, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Os pesquisadores traçaram modelos de crescimento e elaboraram cenários visando à produção de madeira a partir de 10 espécies de árvores nativas da Mata Atlântica que não só demonstram uma possível rentabilidade, mas também contribuem para a restauração do ecossistema atlântico.
De acordo com o pesquisador Pedro Krainovic, a pesquisa busca unir a agenda econômica com a agenda da recuperação do bioma. Segundo ele, a restauração florestal ainda é percebida por proprietários de terra como um uso de terra muito custoso, sem um retorno financeiro atrativo. No entanto, ela é uma opção importante para recuperar as áreas de floresta perdidas, como as mais de 20 mil hectares de Mata Atlântica desmatados entre outubro de 2021 e outubro de 2022, conforme dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os pesquisadores utilizaram o método GOL (Growth-Oriented Logging) para criar uma escala utilizando o potencial produtivo e o tempo de crescimento da espécie. “O GOL orienta o corte de árvores pelo seu crescimento, o que significa que ele seleciona o melhor momento para orientar decisões de manejo direcionadas”, explica Krainovic. A metodologia possibilitou o estabelecimento de um cenário otimizado centrado na qualidade da madeira, indicando qual é o melhor momento para sua colheita.
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Essas informações contribuem para o preenchimento de uma lacuna de conhecimento na elaboração de projetos de reflorestamento com espécies nativas, o que pode aumentar a possibilidade de implementação e atratividade dessas iniciativas, criando um contexto de conciliação entre florestas multifuncionais com um retorno econômico.
Além disso, a pesquisa também levou em consideração os benefícios ambientais que essa prática pode trazer. As espécies nativas da Mata Atlântica são importantes para a manutenção da biodiversidade e para a regulação do clima, uma vez que são capazes de armazenar grandes quantidades de carbono. Por isso, o uso dessas espécies em projetos de reflorestamento pode contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
De forma geral, o estudo mostrou que é possível conciliar a produção econômica com a recuperação ambiental, por meio da utilização de espécies nativas da Mata Atlântica e do método Growth-Oriented Logging para criar uma escala de seleção de árvores baseada no potencial produtivo e tempo de crescimento da espécie.
O estudo completo pode ser acessado nesse link aqui.
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