*Por: Luana da Fonte
Diante das notícias sobre a suspensão temporária da exportação de carne de frango brasileira por alguns países, muita gente se pergunta: afinal, o que é a gripe aviária? Ela pode afetar a nossa saúde? É seguro continuar comendo frango? Para responder a essas e outras dúvidas, conversamos com o professor de biologia André Bourg.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença causada por um vírus do tipo Influenza, mais especificamente o H5N1. “Trata-se de um vírus altamente patogênico, que se replica rapidamente, afetando diversos órgãos e levando a sintomas graves, como morte súbita, problemas respiratórios, hemorragias e alterações neurológicas nas aves contaminadas”, explica Bourg.
De acordo com o professor, a contaminação dos animais pode ocorrer de duas formas: “por contato direto com aves infectadas ou indireto, através de fezes, secreções ou equipamentos contaminados”. Além disso, o vírus se espalha rapidamente, especialmente em grandes criações, o que torna o controle da doença um desafio para a avicultura.
E para os humanos, há risco?
A maior preocupação das pessoas é se essa doença pode afetar quem consome carne de frango. O professor explica: “A transmissão para humanos geralmente requer contato direto e próximo com aves infectadas, tendo poucos registros em humanos e de uma forma bem branda”.
Ainda segundo ele, a contaminação por meio do consumo de carne é praticamente inexistente. “A transmissão pelo consumo de carne de frango bem cozida é considerada extremamente rara”, afirma.
É seguro continuar comendo frango?
Sim. Desde que bem preparado, o frango continua sendo seguro para o consumo. O importante é garantir o cozimento completo da carne. “O cozimento adequado (mínimo de 74°C) elimina o risco. Recomenda-se cozinhar completamente e evitar contaminação cruzada lavando bem as mãos e utensílios, e não lavando o frango cru”, orienta o professor.
Na hora da compra, alguns cuidados também fazem diferença: prefira locais confiáveis, verifique se a embalagem está íntegra, com selo de inspeção, data de validade e se a carne apresenta cor, odor e aparência normais.
O risco de contaminação em casa é considerado muito baixo, mas exige atenção. “Existe um risco teórico de contaminação cruzada caso a carne estivesse contaminada e os cuidados de higiene não fossem seguidos. No entanto, esse risco pode ser facilmente evitado com medidas simples, como lavar bem as mãos após o manuseio, usar utensílios separados e evitar que a carne crua entre em contato com outros alimentos”, diz Bourg.
Por que as exportações foram suspensas?
Alguns países, como medida de precaução, suspenderam temporariamente a importação de carne de frango do Brasil após a confirmação de casos da doença em criações. Mas isso não significa que a carne exportada esteja contaminada.
“Mesmo com a carne considerada segura para o consumo, especialmente quando bem cozida, essas ações seguem protocolos internacionais que visam evitar qualquer risco de introdução do vírus no território, principalmente em ambientes de criação”, explica o biólogo.
Além disso, o vírus da gripe aviária é sensível ao calor, mas pode resistir em ambientes frios, como frigoríficos e abatedouros. Por isso, os protocolos internacionais recomendam a suspensão das compras mesmo sem risco direto à saúde humana.
Por que tanta repercussão?
Mesmo sem representar uma ameaça direta para quem consome frango, a gripe aviária costuma ganhar destaque nas manchetes. “O alarde acontece devido ao temor de novas pandemias, ao potencial impacto econômico na avicultura, às preocupações com o bem-estar animal, ao risco de mutações do vírus e à grande atenção da mídia a temas relacionados à saúde pública e à segurança alimentar”, avalia Bourg.
A gripe aviária é uma doença séria para as aves, mas não há motivo para pânico entre os consumidores. Cozinhar bem o frango e manter boas práticas de higiene na cozinha são medidas suficientes para garantir a segurança alimentar. “Vale destacar que o Brasil segue rígidos critérios de rastreabilidade e só exporta produtos de áreas livres da doença, com inspeção e controle constantes”, explica Bourg.
*Supervisionado por Marcos Felipe