Por: Luana da Fonte
Ter uma cabra, uma jiboia ou uma cacatua como companhia está deixando de ser algo raro. Animais considerados exóticos ou pouco comuns vêm conquistando espaço nos lares brasileiros, atraindo tutores curiosos e que não se identificam com os pets tradicionais, como cães e gatos. A presença desses animais no ambiente doméstico reflete uma mudança de comportamento e também a busca por estilos de vida diferentes.
Segundo a médica veterinária Rafaela Vicentin, “pets não convencionais” são aqueles que fogem do padrão mais conhecido. “São animais que fogem dos tradicionais cães e gatos, como aves exóticas, répteis, pequenos mamíferos e até alguns animais silvestres criados como companhia. Eles geralmente têm necessidades específicas e não são tão comuns no convívio doméstico”, explica Rafaela.
A decisão de criar um animal diferente muitas vezes nasce de uma admiração específica pela espécie ou do desejo por uma experiência nova e desafiadora. “Observo que a busca vem principalmente por questão de afinidade, curiosidade e admiração por determinada espécie. Também por estilo de vida, tanto do tutor quanto do animal, que pode exigir menos espaço, interação e cuidados. E também vejo a questão de quererem um animal diferente, pela necessidade do desafio em criar a espécie”, comenta a veterinária.
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Ela percebe que essa tendência está crescendo, especialmente entre pessoas que moram em locais com pouco espaço ou que passam muito tempo fora de casa. “Vejo que vem crescendo a procura por estes animais justamente por conta do perfil do tutor. Geralmente pessoas que ficam fora de casa a maior parte do tempo, tendo menos tempo para interação e cuidados. Pessoas que moram em lugares com espaço reduzido para criar animais convencionais”, explica.
Mas adotar um animal exótico envolve responsabilidades que vão além da escolha pela aparência ou comportamento diferente. Esses pets também precisam de acompanhamento veterinário regular. “Esses animais precisam de acompanhamento veterinário tanto quanto um pet convencional. Por não serem convencionais, as pessoas normalmente não estão preparadas para observar os sinais de quando um animal está adoecendo”, alerta a veterinária.
Ela explica que algumas espécies, como os répteis, têm um comportamento mais discreto, o que pode dificultar o diagnóstico precoce de problemas de saúde. A médica veterinária destaca que “muitas vezes o tutor só percebe que o animal está doente quando já está numa situação irreversível”.
Por isso, Rafaela reforça a importância de uma boa preparação antes de adquirir qualquer animal. “É de extrema importância que antes de adquirir um animal a pessoa pesquise bastante como é o habitat da espécie, como ele se alimenta, qual a temperatura ideal para seu conforto térmico, para seu metabolismo, como criar um enriquecimento ambiental.” A boa notícia, segundo ela, é que clínicas especializadas em animais não convencionais vêm crescendo em número e estrutura.
Entre os animais que podem ser criados legalmente no Brasil, dependendo da legislação estadual e federal, estão aves como calopsitas e cacatuas, répteis como jibóias e iguanas, além de pequenos mamíferos como furões e saguis. Mesmo animais aparentemente simples, como jabutis, requerem cuidados específicos com alimentação, iluminação, temperatura e espaço adequado.
Outro ponto essencial é garantir que o animal tenha sido adquirido de forma legal. “É fundamental exigir documentação oficial, como o registro no IBAMA, certificação de origem, notas fiscais de criadores e estabelecimentos autorizados. O comércio ilegal traz riscos ao animal, à conservação ambiental e ao tutor que está adquirindo”, afirma Rafaela.
Supervisionado por Virgínia Alves.
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