Hell is Us me tomou em silêncio e terror — um mergulho profundo no caos emocional de Hadea
Mais de 15 horas jogando no PC me mostraram um RPG que desafia conforto, reforça emoções e exige paciência para desvendar suas camadas sombrias.
Hell is Us, anunciado em abril de 2022 pelo estúdio canadense Rogue Factor e pela NACON, chegou às minhas mãos numa mistura de curiosidade e inquietação.
Voltar a viver o gênero RPG “raiz” me fez lembrar o início da minha profissão há duas décadas. Foi justamente este segmento que despertou minha paixão por jogos e me motivo a trabalhar neste ramo.
O universo cruel de Hadea me foi revelado sem mapas, sem pistas fáceis.
As primeiras horas no controle de Rémi foram lenta construção de tensão.
Nessas mais de quinze horas no PC, senti o peso do mundo. A busca pelos pais de Rémi ecoou minha própria jornada como pai.
A ambientação sufoca de propósito. Fui conduzido pela intuição e pelos poucos diálogos que lembram vozes distantes.
Um combate que pede calma
As lutas são cruas — sem exageros.
O combate melee exige precisão e coragem. Bastou um golpe errado para lembrar que morte não é loop, mas erro a ser evitado.
A stamina pesa e o sistema de cura com “pulse” exige timing atencioso. Essa mecânica renova a experiência tradicional.
Os inimigos, chamados Hollow Walkers, são manifestações de emoções destruídas pela civilização em guerra.
Jogar com cuidado é fundamental.
A cada combate vencido, o medo de errar era constante.Isso raramente acontece em jogos modernos. Uma fórmula difícil, mas honesta.
Sem GPS, só senso de direção
Hadea não oferece mapa nem marcações e isso agiu como lente de olhar. Cada diálogo com NPC era uma dica preciosa.
As pistas eram entregues por ruínas, objetos e relatos quebrados.
Esse design foi uma força. A jornada parecia minha descoberta, não roteirizada.
Textos de estilo CRT surgem em cantos, com letras pequenas. Às vezes exigiram esforço para ler. Mas formei conexão com cada fragmento de lore. Me senti copiloto da história, não um simples observador.
Pontos técnicos
Do ponto de vista técnico, o jogo roda com fluidez no PC, atingindo 4K e 60 FPS sem comprometer a imersão.
A Unreal Engine 5 entrega ambientes densos, texturas rústicas e iluminação crua, tudo guiado por silêncio e ecos.
O HUD mínimo respeita o estilo e me deixou só com ideias, não com infos na tela.
Gameplay
Confira o início de gameplay de Hell is Us rodando no PC:
Considerações
Hell is Us foi lançado em 4 de setembro de 2025 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Mesmo não sendo soulslike perfeito, foi uma experiência intensa e introspectiva.
A tradução para o português do Brasil está presente e foi um alívio silencioso ao me permitir mergulhar sem perder nuances. Isso não era esperado num título tão minimalista.
O texto local facilitou seguir a narrativa pesada e simbolismos espalhados pela paisagem.
O jogo sugere 20 a 25 horas para a campanha principal, mas isso dependerá da sua atenção aos detalhes.
Contemplar a jornada de Rémi foi me confrontar com a própria humanidade. Respeito é o que esse jogo exige. Prazer não é imediato.
Mas quem topar essa imersão sai com emoção gravada na pele.