Uma porta que permite o acesso à escola e outra que abre caminho à comunidade. É nesse modelo integrado com unidades escolares da rede municipal de ensino que funcionam oito das 11 bibliotecas de São Carlos. Dessa maneira, o objetivo é que esses espaços privilegiados de conhecimento e cultura estejam abertos não somente para os estudantes do 1º ao 6º ano, mas também mães, pais, familiares e moradores do entorno um convite para que todos desenvolvam uma relação mais próxima com os livros.
Juntas, todas as bibliotecas contabilizam um acervo de cerca de 125 mil livros, atualizado constantemente para oferecer tanto obras clássicas como contemporâneas. Entre elas, apenas a Euclides da Cunha, a Água Vermelha (distrital) e Amadeu Amaral (a maior delas) ficam em prédios independentes.
Além de permitir o empréstimo de livros, todas as bibliotecas desenvolvem atividades de incentivo à leitura gratuitas e abertas à comunidade, como a hora do conto, as narrações de histórias, o teatro de fantoches e clubes do livro cada uma com sua programação individual. Ao longo do ano, acontecem ainda as semanas temáticas, em que as atividades se debruçam sobre diferentes perspectivas do mesmo assunto, tais como Meio Ambiente, Festa Junina e Cultura Japonesa.
“Esse chamamento de pais e mães dos estudantes para dentro das bibliotecas visa a mais que instigar um comportamento leitor. Ao acompanhar as crianças e levar livros para casa, ou participar junto delas de uma contação de histórias, o adulto está mais inclinado a replicar isso em casa. Aos poucos, criamos multiplicadores da leitura. Daí a importância de bibliotecas com uma porta para a rua e outra para a escola”, defende Adilson Luis De Vitta, diretor do Sistema Integrado de Bibliotecas de São Carlos.
Leitura compartilhada
A bibliotecária e contadora de histórias Sônia Pinheiro, que atua na biblioteca Euclides da Cunha, explica que o planejamento das atividades procura contemplar uma vasta diversidade de temas. “É a chamada bibliodiversidade. Selecionamos histórias curtas e ricamente ilustradas, pois a nossa intenção é instigar que a criança volte com seus familiares para buscar esse ou outros livros”.
Para Sônia, o momento da leitura compartilhada ou da narração de histórias é também um momento afetivo, já que fortalece laços entre familiar e criança, mesmo que ela ainda não saiba ler. Nesse sentido, até bebês podem se beneficiar ao ouvir uma narrativa. “Quando a criança vê uma pessoa adulta, de sua referência, lendo, esse é um exemplo para ela. Sua expressão corporal, gestos, voz e entonação permitem que a criança leia o conjunto antes mesmo de saber ler as palavras”, ressalta a bibliotecária.