A 11 bit studios é uma desenvolvedora polonesa, fundada em 2010 por ex-integrantes da CD Projekt RED, empresa responsável por The Witcher e Cyberpunk 2077, e Metropolis Software.
Desde então, o estúdio ganhou notoriedade e se destacou no mundo dos games com jogos emblemáticos, como This War of Mine e Frostpunk. Contudo, foi em 2024 que a empresa conquistou um feito histórico.
A 11 bit studios venceu o The Game Awards, considerado o Oscar do mundo dos games e principal premiação do setor. A empresa levou a estatueta de Melhor Jogo de Estratégia, com Frostpunk 2, que foi lançado poucos meses antes da premiação, em 20 de setembro.
Agora, a 11 bit studios dá mais um importante passo no mundo dos games, com grandes projetos, como Frostpunk 1886, remake do clássico lançado em 2018; The Alters, um jogo de sobrevivência espacial, e Moonlighter 2.
E, para contar sobre os projetos, o EPGames conversou com a líder de comunicação da 11 bit studios, Gabriela Siemienkowicz, durante a gamescom latam, que falou sobre projetos, foco no Brasil e muito mais!
Pergunta: A 11 bit tem alguma estratégia para crescer na América Latina?
Gabriela Siemienkowicz: Em primeiro lugar, a comunidade brasileira sempre foi muito importante para nós. Quando Moonlighter foi lançado, há sete anos, percebemos de imediato que houve uma conexão muito forte com o público brasileiro.
Desde o começo, buscamos ouvir esse público — os que gostaram e os que não gostaram no jogo. E queremos continuar isso.
Mais do que isso, queremos chegar a um novo patamar. É por isso que estamos aqui, agora, promovendo Moonlighter 2 e nosso próximo jogo, The Alters. Queremos não apenas ouvir os jogadores online, mas estar aqui, ver suas reações, conversar com as pessoas.
Talvez, esse não seja o primeiro passo, porque já incluímos a comunidade brasileira, quando adicionamos o idioma Português do Brasil em todos os nossos jogos.
Mas, como disse, queremos dar um passo a mais. Estar aqui na gamescom latam, com The Alters e o nosso soulslike deckbuilder Death Howl, além de participar de um painel falando sobre nossos jogos, é uma forma de levar isso adiante.
Espero que seja um novo nível de relação e que possamos seguir crescendo a partir daqui.
P: Frostpunk 2 foi um marco para o estúdio?
GS: Com certeza. Frostpunk 2 é um jogo de estratégia e sobrevivência em larga escala; já o primeiro [lançado em 2028] é um jogo de estratégia de sobrevivência em uma cidade. Os dois são diferentes em gênero. No segundo, adicionamos aspectos políticos e ampliamos a escala.
Enquanto trabalhávamos em Frostpunk 2 com Unreal Engine, percebemos que, finalmente, poderíamos migrar Frostpunk 1 do nosso motor proprietário para o Unreal também. Assim, poderemos adicionar muito mais conteúdo ao primeiro jogo.
Neste momento, estamos em uma fase muito interessante da história da 11 bit: os dois títulos estão crescendo ao mesmo tempo. Respeitamos o legado de Frostpunk 1 e seguimos com algo não melhor ou pior, mas diferente, maior e mais ousado.
Enquanto desenvolvemos Frostpunk 1886, seguimos criando muito conteúdo para Frostpunk 2. No dia 8 de maio, lançaremos a primeira grande atualização gratuita, com outras por vir, além de DLCs e versões para console.
P: Com Frostpunk 2, vocês ganharam o The Game Awards, na categoria de Melhor Jogo de Estratégia. Como foi vencer?
GS: Eu estava lá com o Kuba Stokalski, um dos diretores de Frostpunk 2. Estávamos na plateia e eu estava prendendo a respiração, torcendo muito para que fosse Frostpunk 2. Quando anunciaram nosso nome como vencedores, foi muito… acho que a melhor palavra seria “justo”.
Tomamos uma decisão ousada ao criar Frostpunk 2. Não era exatamente o que as pessoas esperavam após o primeiro jogo, mas é algo do qual nos orgulhamos e no qual acreditamos muito.
Sim, nem todo mundo curtiu, mas a grande maioria da comunidade adorou o jogo, e ser reconhecido como o melhor jogo de estratégia de 2024 foi muito gratificante. Mas não no sentido de que precisávamos dessa validação — nós já estávamos confiantes — mas reforçou ainda mais nossa visão.
P: E temos novos jogos vindo por aí. Como o estúdio está lidando com tantos novos jogos?
GS: Temos várias equipes de desenvolvimento internas. Uma trabalha em The Alters, outra em Frostpunk 2, outra em Frostpunk 1886. E temos equipes em novos projetos ainda não anunciados.
Além disso, temos uma equipe de desenvolvimento externa — nosso time de publishing — que busca jogos que se alinhem com a missão da 11 bit.
Moonlighter 2, por exemplo, está sendo desenvolvido pelo estúdio espanhol Digital Sun, com quem já trabalhamos no primeiro jogo. Foi nosso primeiro sucesso como publisher, há sete anos.
Hoje, temos cerca de 300 pessoas na equipe, divididas em núcleos de 30, 40, 50 pessoas por projeto. Também cuidamos de marketing e desenvolvimento dos jogos que publicamos. Temos muita experiência nisso e queremos seguir com o que fazemos de melhor.
P: A 11 bit studios não é uma empresa de grande porte, mas vocês estão crescendo com consistência. Como está esse crescimento?
GS: Estamos felizes com nosso posicionamento atual. Não é falta de ambição, pois não buscamos lançar um jogo AAA [ou triple A, games com vultuosos investimentos]. Estamos confiantes nos gêneros que trabalhamos. Fazemos jogos como Frostpunk 2.
Talvez jogos AA [ou double A] seja uma boa definição. Nosso objetivo não é ser como Baldur’s Gate 3 [da belga Larian Studios] ou algo do tipo, mas, sim, criar jogos que tenham impacto nos jogadores. Preferimos seguir no nosso ritmo, fazendo o que sabemos fazer bem.
Com Frostpunk 2, Frostpunk 1886 e The Alters queremos continuar entregando experiências marcantes, com conteúdo robusto. Nos jogos que publicamos externamente, a abordagem é mais livre: lançamos Indika no ano passado, que dura 4–5 horas, e agora vem aí Moonlighter 2, bem mais longo.
Para nós, não se trata de ser AAA, AA ou indie. O importante é a mensagem, o que o jogo transmite. Nisso acreditamos.
P: Alguns estúdios têm dado mais atenção a apenas um título, como a Larian Studios, que está focada em Baldur’s Gate 3. Diversidade é importante?
GS: Com certeza. Tenho grande admiração pela Larian, com Divinity e o que fizeram com Baldur’s Gate 3, que entrou para a história. Mas, para nós, o foco sempre foi criar jogos significativos, não necessariamente do mesmo gênero.
Fazemos jogos muito diferentes entre si: sobrevivência em cidade; ação e sobrevivência, como The Alters; roguelike de ação como Moonlighter. O que une nossos títulos não é o gênero, mas o sentimento que causam — provocam emoções ou reflexões. E acho que isso é essencial.
P: A indústria de games está em crise, com grandes demissões. Estúdios menores estão tendo alguma vantagem?
GS: O momento é muito difícil para toda a indústria. Muitos profissionais talentosos e criativos estão sendo demitidos. E pequenos estúdios também sofrem. Não é só com os gigantes.
Mas há uma mudança grande na indústria. Na 11 bit, temos um plano bem definido para o futuro próximo: The Alters, Frostpunk 2 e Frostpunk 1886 em 2027. Nosso caminho está claro.
Claro que não posso prever o futuro, mas acredito que estamos no caminho certo, com decisões bem pensadas — e isso nos deixa em uma posição confortável.
P: E aqui no Brasil, o que os jogadores podem esperar da 11 bit?
GS: Essa é uma ótima pergunta! Bem, [podem esperar] experiências inesquecíveis com todos os nossos jogos, sendo que os próximos são The Alters, que chega em 13 de junho, que estava disponível para jogar como uma demo na gamescom latam. A demo estará disponível antes do lançamento.
Mas, de forma geral, o que posso garantir é continuaremos lançando jogos de qualidade, que são significativos, que são relacionáveis e que se conectam com os jogadores em camadas completamente diferentes.
Desde o jogador que gosta de sofrer em um jogo de estratégia ou apenas viver uma jornada significativa em um jogo de ação e sobrevivência.
O que você pode definitivamente esperar da 11 bit studios é qualidade e histórias significativas para jogadores de diferentes tipos.
P: Frostpunk 2 estava em português do Brasil. Os outros jogos também serão em português?
GS: Sempre há a intenção de lançar jogos em vários idiomas. Todos os idiomas disponíveis são visíveis nas páginas do Steam.
The Alters, por exemplo, também será traduzido para vários idiomas.
Não posso realmente dizer muito sobre Frostpunk 1886, mas definitivamente nossa meta é tornar o jogo acessível ao maior número de jogadores possível.
E eu sei que a comunidade brasileira sempre aprecia quando os jogos são traduzidos para o português brasileiro. Então, o que posso prometer é que essa é sempre nossa meta: ser o mais acessível possível e sempre buscaremos alcançar esse objetivo.
Para conhecer mais a 11 bit studios, acesse o site oficial, clicando aqui.