13 de dezembro de 2024
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‘Black Bird’ usa trajetória de serial killer para falar de masculinidade tóxica

Keene estava preso por tráfico de drogas quando recebeu a proposta de ganhar sua liberdade em troca de arrancar outras confissões

  
 

Crimes quase sempre estão no centro das obras do escritor Dennis Lehane. Mas, quando foi convidado a escrever e desenvolver a minissérie Black Bird, cujo último episódio acaba de entrar no ar na Apple TV+, ele hesitou. “Eu não gosto de séries sobre serial killers”, contou Lehane em entrevista ao Estadão, por videoconferência. 

Black Bird é baseada no livro de James Keene, escrito em parceria com Hillel Levin, em que ele detalha sua experiência com o assassino Larry Hall. Keene estava preso por tráfico de drogas quando recebeu a proposta de ganhar sua liberdade em troca de arrancar outras confissões de Hall, suspeito de ser um serial killer que matou ao menos 14 mulheres. 

O escritor topou com a condição de que não fosse sensacionalista, nem explorasse o luto das famílias. O quinto episódio, o penúltimo, é focado em uma das vítimas.   

 

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“Porque a vida que ela viveu era mais bonita, valorizada, radiante do que a de Larry. Essa é a razão pela qual ele é um serial killer”, afirmou Lehane.   

Em vez de se concentrar nos atos de Larry, a minissérie discute a violência psicológica, o trauma, a má paternidade-maternidade. 

Lehane decidiu transformar o material original em um estudo sobre a masculinidade. “Larry é o extremo mais sombrio da masculinidade tóxica. Ele acredita que precisa matar as mulheres para não sentir o que sente em relação a elas”, disse Lehane sobre o serial killer interpretado por Paul Walter Hauser.   

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“Mas Jimmy está muito confortável em fazer sexo vazio com mulheres. Sua jornada inclui percepções incômodas”, contou o escritor. 

Taron Egerton, que interpreta Jimmy, concordou. “Nós vimos um monte de histórias sobre homens masculinos – especialmente sobre homens masculinos brancos. Mas esta história examina o aspecto problemático e feio da masculinidade que não gostamos de admitir”, observou o ator em entrevista com a participação do Estadão.   

“Não há como negar a feiura de Larry. Mas Jimmy também tem a sua. E é por meio de sua relação com Larry que ele começa a entender que tem alguns problemas. Jimmy aprende humildade ao dançar com o diabo”, completou.

O ator teve a chance de contracenar com Ray Liotta, em seu último papel para a TV. Liotta, morto em maio, faz o pai amoroso de Jimmy, um ex-policial que tem seu lado sombrio.   

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“Trabalhei com atores de quem fiquei amigo. Aqui foi diferente, porque Ray decidiu apresentar-se para mim como se fosse meu pai”, lembrou Egerton. “Não conversamos muito como Taron e Ray nos primeiros dias. Devagar, ele foi se abrindo. Foi uma relação muito afetuosa e delicada”, conclui.   

 Veja abaixo o trailer oficial de Blackbird.

 
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