Nesta segunda-feira (6), a morte de Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., completa dez anos. Um dos maiores nomes do rock nacional e da música jovem nas décadas de 1990 e 2000, continua com o seu legado vivo nas letras que uniram a poesia ao rock.
É comum, ainda hoje, ver referências às suas músicas ou mesmo à sua pessoa – e isso não fica restrito aos roqueiros ou skatistas No futebol, por exemplo, o Santos, seu time do coração, lançou uma camisa em homenagem aos 30 anos da banda, completados em 2022.
Marcão Britto e Thiago Castanho, da formação original do grupo, aproveitaram a data redonda para uma turnê relembrando sucessos. Egypcio, do Tihuana, foi convidado como vocalista, em apresentações que serviram como homenagem respeitosa e um momento de lembrança e nostalgia para muitos fãs, alguns que não tiveram oportunidade ou idade para ver o Charlie Brown ao vivo no passado. Outros eventos também foram organizados por seu filho, que se indispôs com ex-integrantes da banda.
Durante o Rock In Rio do ano passado tivemos um pouco de como a figura de Chorão segue importante também para outros gêneros, quando Matuê e Xamã prestaram suas homenagens ao artista no palco. Ao longo da carreira, o cantor também teve influência do rap, não só nas músicas do Charlie Brown Jr., como também em colaborações com RZO (Não É Sério, A Banca) e Sabotage (Cantando Pro Santo), para ficar apenas nas mais conhecidas.
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As plataformas digitais e redes sociais também ajudam a manter Chorão no imaginário popular. Só no Spotify, são cerca de 5 milhões de ouvintes mensais do CBJR. Um perfil verificado no Instagram relembra frases e momentos do cantor diante de quase meio milhão de seguidores.
Pode-se até argumentar que hoje a imagem de Chorão se aproveita um pouco da onda de saudade que trajetórias de sucesso interrompidas antes do tempo esperado causam em parte do público, mas apenas isso não seria suficiente para sustentar a popularidade por uma década.
Há também as produções derivadas de sua história, como o documentário Chorão: Marginal Alado (disponível no Prime Vídeo), ou o livro Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?, escrito em 2018 pela esposa do cantor, Graziela Gonçalves, que trata de sua relação com o marido. Já a biografia Champ, de Pedro de Luna, aborda a trajetória do baixista do Charlie Brown Jr., Champignon (também morto em 2013), incluindo sua conflituosa relação com o amigo. O musical Dias de Luta, Dias de Glória, que estreou em 2015, também abordava a formação da banda.
RELIGIÃO
Rodolfo, ex-Raimundos relembrou que Chorão era “um dos poucos que podia dizer que era amigo” entre a geração de bandas dos anos 90. Ele revelou o interesse de Chorão pela conversão religiosa há dez anos atrás.
“Quando comecei a ter minhas experiências com Deus, saí do Raimundos e minha vida mudou. Reencontrei o Chorão em show em Belo Horizonte, com Charlie Brown e Rodox, em 2003. No camarim ele chegou para mim, puxou numa cadeira, distante de outras pessoas, e falou: “Conta como foi a parada”.
“Eu contei como foi a minha experiência com Deus. Achava fantástico isso no Chorão: ele estava ouvindo, absorvendo, não me julgou. Dava pra ver que percebeu a diferença na minha vida e queria saber o que estava acontecendo”, disse o ex-vocalista dos Raimundos.
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