Estilo, extravagância ou “cafonice”? O termo “camp” pode evocar uma estética exuberante, colorida e que desafia os padrões tradicionais da moda. Grandes nomes da indústria, como Lady Gaga, Andy Warhol, John Waters e algumas tantas drag queens, são referências do movimento. Nos últimos anos, figuras da música e do cinema embarcaram na tendência em grandes eventos do entretenimento. Mas afinal, o que é camp?
O que significa o termo ‘Camp’?
A revista Vogue, em um artigo de 2023, traz uma pista sobre o significado: “ele vai contra o que conhecemos como normal, bonito e comum. O camp contém altas doses de ironia, exageros e teatralidade”.
A revista destaca que esse é um “casamento” perfeito com a moda e exibe itens pouco convencionais, como penas, plumas, pérolas, texturas e cores. O diferencial é que esses itens podem estar todos juntos na mesma peça e, fundamentalmente, desafiando as normas do “padrão”.
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Na história, o termo vem do francês “se camper” – que pode significar “fazer uma pose exagerada”, de acordo com o portal FFW. Para a pesquisadora Gabriela Mizrahy, na pesquisa “Camp: uma profusão de cores”, a moda foi, em grande parte, definida formalmente, em 1964, pelo ensaio de Susan Sontag, em “Notes on Camp”. No trabalho, ela afirma que o estilo seria uma maneira de “ver o mundo, uma sensibilidade, uma estética baseada na artificialidade, onde ser é representar um papel, mas que não é apenas isso”.
Um movimento que impacta e influencia
“Que não é apenas isso”. A defesa de Gabriela vai ao encontro do tema de grandes eventos do entretenimento mundial, mas também faz parte da vida de muita gente que apenas busca exercer uma expressão autêntica.
Em 2019, o camp foi tema do Met Gala. Na época, o evento de prestígio da moda defendeu que a exposição tinha como objetivo “explorar as origens da estética camp e como ela evoluiu de um lugar de marginalidade para se tornar uma influência importante na cultura”. Além de impactar artistas e o público, a moda ganhou repercussão e aumentou o debate na internet. O movimento também está relacionado à causa LGBTQIA+, principalmente na esfera “queer”, como um lugar de liberdade e sensibilidade.
Apesar de de não ser um representante da moda, Rodrigo Ribeiro, 26, é artista e acompanha de perto a tendência. O primeiro contato dele foi em uma ballroom, em Campinas (SP) – que é um espaço onde as pessoas podem expressar e fortalecer a diversidade sexual e de gênero sem preconceitos. “Uma amiga minha foi e ela falou: ‘nossa aquela pessoa está muito camp’”, relembra.
“[O camp] me influencia para eu saber que tem pessoas que estão dispostas a criticar essa onda conservadora que nós estamos seguindo”, afirma. Para ele, camp é um “estado” dentro de um movimento maior. “Quando eu vejo alguém que está entregando o camp, eu enxergo aquilo como um movimento revolucionário”, diz. As impressões de Ribeiro vão ao encontro com a pesquisa de Gabriela, quando descreve que o movimento não se restringe à moda, mas pode ser entendido como um “modo de vida”.
Por isso, ele tem uma visão muito clara sobre:
Entenda não como ser extravagante, apenas como algo que vai contra as normas vigentes,
conclui.
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