*Por Thiago de Souza
O espírito olímpico me levou até o Cemitério Chora Menino, Zona Norte da capital paulista, para visitar nosso herói da pátria e estandarte olímpico: Adhemar Ferreira da Silva.
Tido por muitos como o maior atleta olímpico brasileiro da história, Sr. Adhemar nasceu em São Paulo no dia 29 de setembro de 1927. Sua modalidade atlética era salto triplo o e nela foi praticamente hegemônico, vencendo dezenas de torneios – nacionais e internacionais.
Diga-se de passagem, ele foi o inventor da volta olímpica, quando venceu seu primeiro ouro olímpico em Helsinque.
Não há dúvida de que as medalhas mais pesadas que carregou em seu peito foram aquelas de ouro conquistadas nas Olímpiadas de Helsinque em 1952 e Melbourne 1956.
Foi tricampeão pan-americano e uma dessas conquistas, somada a vitória olímpica de Helsinque, desfilam nos campos de futebol até hoje. Isso, porque, o brasão do São Paulo Futebol Clube em seu uniforme leva duas marcas de Adhemar, que foi atleta do clube desde 1947.
As duas estrelas douradas no pavilhão tricolor são referências aos dois recordes mundiais de Ferreira, respectivamente alcançados nas Olimpíadas de Helsinque – 1952 e nos jogos Pan-Americanos na Cidade do México em 1955. Seu recorde mundial perdurou mais de 40 anos.
Os outros saltos de Adhemar Ferreira da Silva
Mas, Sr. Adhemar deu outros “saltos” pela vida. O cara que falava 7 idiomas ainda teve disposição para se graduar em escultura, educação física, direito, relações públicas, foi adido diplomático e, aqui peço uma “pausa dramática”… Ator. Mas, não é qualquer ator. Sr. Adhemar atuou na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes e, simplesmente, estava no elenco do filme franco-Italiano, inspirado na citada peça, Orfeu Negro, que em 1959 venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro e a Palma de Ouro em Cannes.
Tem muito mais a se dizer desse homem monumental e é quase impossível falar tudo em poucas linhas. E nem é essa a minha intenção.
Pela dificuldade que hoje passam atletas nacionais, para sobreviverem e competirem em alto nível, fico imaginando como um cara conseguiu tanto em tão pouco tempo e com tão pouco. Ainda, porque não o conhecemos mais?
Sr. Adhemar ostenta o título de “Herói de Helsinque” e é Herói Nacional desde a promulgação da Lei 14.575 de 2023, a qual inscreveu seu nome no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Eu não canso de dizer que, por mais que eu literalmente viva em cemitérios, não consigo perder a capacidade de me emocionar, quando estou diante de um super-humano, como o Sr. Adhemar – o saudoso avô do meu amigo Diego Menasse, talentoso comediante, repórter e pai da Princesa Valentina.
Tomara que esse papo leve seu glorioso nome às novas gerações que pouco ouviram falar de seu legado, que colocou o Brasil no mapa do esporte mundial.
Quem é Thiago de Souza
Thiago de Souza é compositor, roteirista e humorista, fundador do grupo “Os Marcheiros” e idealizador do projeto “O que te Assombra?”. Ele também é o criador do programa de políticas públicas para preservação de patrimônio material e imaterial chamado “saudade e suas vozes” já implementado nas Cidades de Campinas e Piracicaba.