São muitas as pessoas supersticiosas, mas quem nunca fez ou deixou de fazer algo para dar sorte ou até rezou para ter um pedido atendido? Pode ser que guarde em segredo, mas o brasileiro é ligado à fé. O dérbi 166 traz a história do ex-goleiro André Dias, que buscou a ajuda de um pai de santo para segurar o Guarani, que tinha muitos jogadores que se consagraram: Amoroso, Djalminha e Luizão.
Após bom tempo como reserva de João Brigatti, Sérgio Guedes e Barbirotto, André Dias enfim disputaria um dérbi como goleiro titular da Ponte Preta. Temendo por enfrentar um ataque tão poderoso como o do Guarani, o arqueiro, influenciado por uma amiga, buscou um pai de santo para lhe dar segurança e servir como reforço, às vésperas de uma partida tão importante.
No entanto, a iniciativa não teve um final feliz. “Dois dias antes do clássico, fui ao pai de santo que uma amiga me indicou. Levei camisa e luva para serem benzidas. Ele ainda me pediu três nomes de jogadores do Guarani para fazer amarração, falei: ‘Amoroso, Djalminha e Luizão’. Após o ritual, o pai de santo me disse para ficar tranquilo, que eles não jogariam nada e eu não tomaria gol. Acabei acreditando, entrei na partida com expectativa alta. Só que eles jogaram muita bola no primeiro tempo, fizeram dois gols e eu não estava tendo uma grande atuação. A única coisa boa é que o Amoroso havia sido expulso”, disse André Dias, em entrevista ao Portal TudoEp.
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No intervalo, André Dias não teve dúvidas. Tirou as amarrações, trocou de camisa e luva e voltou para o campo. “Não estava dando nada certo, arranquei tudo. Troquei de uniforme e retornei para o jogo. Consegui jogar melhor, fiz algumas defesas importantes e conseguimos arrancar o empate. Acabou sendo o dérbi mais especial para mim”, completou o goleiro, que, mais tarde, descobriu que o pai de santo era bugrino.
O dérbi 166 acabou empatado por 2 a 2, no estádio Moisés Lucarelli, para um público de aproximadamente 14 mil torcedores, válido pela primeira fase do Campeonato Paulista. Os gols do Guarani foram marcados por Djalminha e Amoroso, que ainda foi expulso, enquanto Gaúcho e Careca decretaram o empate.
A Ponte Preta teve em campo: André Dias, Zelão (Carlos André), Pedro Luiz, Beto Médice e Eduardo (Everaldo); Júlio César, Paulo César e Macalé (Dionísio); Careca, Arnaldo Lopes e Gaúcho. Técnico: Geninho.
Já o Guarani atuou com: Hiran (Narciso), Marcinho, Cláudio, Valmir e Dedé; Fernando, Valdeir, Fábio Augusto e Djalminha (Uéslei); Amoroso e Luizão (Nélio). Técnico: Pepe.
MAIS REVELAÇÕES
O pai de santo não foi a única revelação contada por André Dias. Ele explicou que, antigamente, os jogadores tomavam uma espécie de “chá brochante” para relaxar e não sentir pressão na disputa de um dérbi campineiro.
“São outros tempos, muita coisa mudou. Vínhamos de uma geração na qual permanecíamos muito tempo no clube. A rivalidade já vinha das categorias de base, ou até mesmo da própria escola. Nas categorias de base, davam chá brochante antes da gente jogar, com a intenção de nos acalmar. Os jogadores de hoje já não sentem mais isso. A rotatividade é muito grande, vão para três equipes em um ano. Não tem mais o espírito do dérbi”, contou.
André Dias ficou na Ponte Preta entre 1989 e 1998, chegando a passar, ao longo dos anos, por Londrina, ABC, Bragantino e Vila Nova. Hoje, na temporada 2022, ele é auxiliar técnico de Mazola Júnior no Novorizontino.
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