*Com informações da Agência Brasil
Mário Jorge Lobo Zagallo morreu no fim da noite desta sexta-feira (5), aos 92 anos, no Rio de Janeiro. O icônico treinador participou de quatro dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira, sendo duas conquistas como atleta, uma como técnico e outra como coordenador técnico.
Uma das célebres frases do “Velho Lobo” era “Brasil campeão tem 13 letras”. Zagallo tinha uma relação muito pessoal com o número, que cruzou sua vida em diversos momentos. A relação começou com a influência de sua esposa, Alcina, que era devota de Santo Antônio (cuja data é comemorada em 13 de junho). Relembre alguns momentos em que o 13 esteve na vida do treinador:
- Zagallo foi campeão com a seleção em 1958 e 1994, anos em que os dois últimos digitos somam 13. 5 + 8 = 13; 9 + 4 = 13
- O título Mundial de 62 (1962) foi no Chile (5 letras). 6 + 2 + 5 = 13
- A conquista do Mundial de 70 (1970) foi no México (6 letras). 7 + 0 + 6 = 13
- Estados Unidos, país em que o Brasil conquistou o Tetra, têm 13 letras e a bandeira estadunidense tem 13 listras.
- As semifinais das Copas de 1962 e 1994 foram em dias 13; 13 de junho e 13 de julho, respectivamente
- Em 1962, Zagallo tinha 13 anos como jogador profissional
- Já o 13º ano de Zagallo como treinador profissional, em 1979, terminou com o título saudita, pelo Al-Hilal
- O nome Roberto Baggio tem 13 letras. O italiano perdeu o pênalti que deu o título ao Brasil em 1994.
- Foi campeão Carioca, em sua estreia como treinador, em 1967. 6 + 7 = 13
- Após a conquista da Copa América, em 2004, disse “Brasil campeão tem 13 letras e Argentina vice também”
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MORTE
Mário Jorge Lobo Zagallo morreu às 23:41 desta sexta-feira (5). O velho Lobo, tetracampeão mundial como jogador, técnico e auxiliar técnico com a Seleção Brasileira, tinha 92 anos. O Hospital Barra D’Or, onde o ídolo estava internado desde o final do ano passado, comunicou que ele não resistiu a uma falência múltipla de órgãos resultante de progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decretou luto de sete dias em homenagem à memória do seu eterno campeão. Em nota, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues lamentou a morte da “lenda”:
“A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol.”
O velório será na sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A solenidade é aberta ao público. O sepultamento ocorrerá às 16h do mesmo domingo no Cemitério São João Batista.
TRAJETÓRIA
Zagallo era alagoano de Atalaia, nascido em 8 de agosto de 1931. Antes de completar um ano, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. O talento com a bola nos pés chamou atenção na peneira em que foi aprovado para o time infantil do América-RJ, na Tijuca, bairro da zona norte carioca onde morava. Pelo Mecão, foi campeão carioca de Amadores em 1949, como juvenil, antes de se transferir para o Flamengo.
Antes de brilhar no Rubro-Negro, onde foi tricampeão carioca (1953 a 1955), ele foi recrutado pelo Exército. Em 1950, trabalhando como segurança no Maracanã, viu de perto o uruguaio Alcides Ghiggia silenciar o Maior do Mundo e adiar o sonho do então inédito título mundial brasileiro. História que o então soldado Zagallo ajudaria a mudar anos depois.
A conquista da Taça Oswaldo Cruz (disputada pelas seleções de Brasil e Paraguai) em 1958 foi o começo da trajetória de Zagallo na seleção. Ele vestiu a amarelinha em 36 ocasiões e marcou seis gols. Um na final da Copa do Mundo daquele ano, na vitória por 5 a 2 sobre a anfitriã Suécia, estampando a primeira estrela no peito brasileiro. E o ponta-esquerda deixou clara a importância tática – defensiva e ofensiva – que lhe rendeu o apelido “formiguinha”.
Foi também em 1958 que a passagem de Zagallo pelo Flamengo chegou ao fim, com a mudança para o Botafogo. Foram sete anos na Estrela Solitária, ao lado de Nilton Santos, Didi e Garrincha, com dois títulos cariocas (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Foi também vestindo a camisa alvinegra que o ponta-esquerda ajudou o Brasil a erguer a taça Jules Rimet pela segunda vez, em 1962, no Chile.
TREINADOR
Zagallo deixou os gramados aos 34 anos, iniciando a carreira como treinador. Em 1966, assumiu justamente o Botafogo, sendo bicampeão carioca (1967 e 1968) e conduzindo o Glorioso ao primeiro título brasileiro, em 1968.
Às vésperas da Copa do Mundo de 1970, o Velho Lobo foi chamado para comandar o Brasil no México. Ele teria menos de cem dias para trabalhar. Ainda assim, decidiu mexer no time que era de João Saldanha. Uma das alterações mais marcantes foi a escolha dos cinco jogadores mais avançados. Com Gérson, Rivellino, Tostão, Pelé e Jairzinho, todos camisas 10 nos respectivos clubes, a seleção conquistou o tri.
Após dirigir o Brasil na Copa de 1974, Zagallo passou por diferentes clubes e países (Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos), até retornar à seleção em 1991, como coordenador técnico. Ao lado de Carlos Alberto Parreira, fez parte da comissão do tetracampeonato mundial, sendo escolhido para suceder o treinador campeão.
A nova passagem à frente da amarelinha teve momentos amargos, como a eliminação na semifinal da Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos) para a Nigéria, mas também de conquistas, como a da Copa das Confederações e da Copa América, ambos em 1997. Esta última foi especial, por ser a primeira do Brasil longe de casa. Após derrotar a anfitriã Bolívia na final, por 3 a 1, na altitude de La Paz, o Velho Lobo disparou contra os críticos a famosa frase: “Vocês vão ter que me engolir!”.
O vice-campeonato mundial na França, em 1998, deu fim à segunda passagem de Zagallo no comando da seleção brasileira.
Ele dirigiu Portuguesa e Flamengo (onde venceu o Carioca e a Copa dos Campeões de 2001) antes de, depois do penta, em 2002, reeditar a parceria com Parreira, novamente como coordenador técnico. A dupla levantou as taças das Copas América de 2004 e das Confederações de 2005. O adeus nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foi também o último trabalho do Velho Lobo, aos 75 anos.
Foram 135 partidas à frente do Brasil, com 79,7% de aproveitamento, sendo o treinador com mais jogos no comando da seleção. Como coordenador, ele participou de outros 72 jogos (65,7% de aproveitamento). Pois é, “Zagallo craque” não tem 13 letras a toa.
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