Nesta segunda, 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, uma data que rememora a morte de Zumbi dos Palmares, figura central na resistência ao sistema escravista. Apesar dos 135 anos desde a Lei Áurea, a herança da escravidão persiste na estrutura social do país, o que torna o feriado uma oportunidade para refletir sobre a inclusão da população negra na sociedade e a debater questões cruciais, como a discriminação racial e a disparidade social.
Dados do Relatório de Diversidade da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom) de 2020 revelam que apenas 30.4% dos profissionais de TICs são pretos e pardos, enquanto 57.4% são brancos e asiáticos.
Apenas 41% dos que estudaram tecnologia acabam ingressando nesse mercado. A discrepância se acentua nos altos escalões, com apenas 29% das pessoas negras ocupando cargos de gerência ou direção, enquanto entre os brancos esse número é de 46%.
Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), apenas 5,8% dos empreendedores fundadores de startups no Brasil são de origem negra.
Ao trazer essa reflexão para a área da tecnologia, é crucial reconhecer que a história não se limita aos nomes amplamente conhecidos, como Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg, todos de cor e gênero similares. A contribuição das vozes negras na narrativa tecnológica é frequentemente negligenciada, embora tenha sido fundamental para moldar a história do setor.
Neste especial, o Tudo EP resgata alguns dos muitos profissionais do mundo cujas contribuições são verdadeiros pilares na evolução da humanidade.
Jane Cooke Wright, “mãe da quimioterapia”:
Oncologista e cirurgiã, conhecida como “mãe da quimioterapia”, pioneira em cultura de tecidos humanos para testes de drogas em células cancerosas. Contribuiu com técnicas para o tratamento de câncer de mama e pele.
Phillip Emeagwali, computador mais rápido do mundo:
Nigeriano, famoso por usar 65 mil processadores para inventar o computador mais rápido do mundo, capaz de realizar 3,1 bilhões de cálculos por segundo. Reconhecido como um dos maiores cientistas africanos.
Sonia Guimarães, doutora em física e atua no ITA:
Primeira mulher negra brasileira doutora em física, atua no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), com foco em Propriedades Elétricas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente.
Mark Dean, conectou computadores e periféricos:
Informático e inventor norte-americano, liderou equipes que desenvolveram padrões de conexão entre computadores e periféricos, além de criar o primeiro chip processador de computador a giga-hertz. Detém três das nove patentes originais da IBM.
Otis Boykin, aprimorou o marca-passo:
Engenheiro eletrônico e inventor norte-americano, conhecido por aprimorar o marca-passo, adicionando controle eletrônico, além de patentear um resistor elétrico que o Exército dos EUA utilizou. Faleceu em 1982.
Patricia Bath, criou o tratamento a laser para catarata:
Oftalmologista pioneira, primeira mulher do Instituto de Olhos Jules Stein, criou o tratamento a laser para catarata, tornando o procedimento menos invasivo. Fundou o Instituto Americano para a Prevenção da Cegueira.
Valerie Thomas, filmes 3D:
Valerie Thomas, física da NASA, pioneira em sistemas de dados para satélites nos anos 60, supervisionou o programa Landsat nos anos 70. Seu notável dispositivo, o transmissor de ilusão, criou imagens tridimensionais simuladas, trazendo avanços significativos para a agência espacial.
Gerald A. Lawson, cartuchos de videogame:
Engenheiro eletrônico norte-americano, conhecido por desenvolver o Fairchild Channel F, o primeiro sistema de videogame baseado em cartucho. Fundou a VideoSoft, empresa que produzia cartuchos para o Atari 2600. Sua morte ocorreu em 2011.
Marian Croak, voz sobre IP:
Marian Croak, ex-vice-presidente de engenharia do Google, é reconhecida por suas mais de 200 patentes e por desenvolver o Voice Over Internet Protocol (VoIP), permitindo chamadas pela internet, impulsionando o trabalho remoto.
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Lisa Gelobte, animação em GIF:
Lisa Gelobte, cientista da computação, criou o formato GIF, amplamente usado na comunicação online. Como fundadora da tEquitable, lidera uma plataforma que aborda preconceitos no ambiente de trabalho e obteve investimentos significativos para essa causa.
Nina Silva, movimento Black Money
Executiva e especialista em tecnologia e inovação, Nina Silva está entre as 100 pessoas afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo. É sócia fundadora do Movimento Black Money e DBl e uma voz proeminente na promoção da inclusão financeira e do empreendedorismo negro no Brasil, trabalhando incansavelmente para ampliar oportunidades na área tecnológica.
Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do Brasil:
Em 1945, concluiu sua graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, marcando história como a primeira mulher a obter esse título no estado e a primeira engenheira negra do Brasil.