11 de dezembro de 2024
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Tudo Inovação

Inovação para além do óbvio: quem não descansa, não inova

Carolina Pazinato é da área de Inovação do Grupo EP e colunista do Tudo Inovação do Tudo EP

Quero começar este artigo já revelando sua natureza: ser subversivo e falar de inovação para além do óbvio. Afinal, se a inovação se propõe a resolver problemas importantes, precisamos expandi-la para além da área empresarial de “novas receitas e redução de custos”. Mas calma, vamos um passo de cada vez, não quero te assustar.

Em primeiro lugar, como uma boa seguidora das metodologias, vamos começar pelo problema: estamos cansadas. Cansadas das rotinas, cansadas da pressão, cansadas da obrigação de ter respostas, cansadas de jornadas duplas e triplas, cansadas de ter que organizar tudo na nossa vida e na vida de nossa família, cansadas de modo geral.

Vamos falar sobre números e pesquisas para entender a dimensão do cansaço. Essas informações foram reunidas na “Declaração dos Direitos Descansistas”, organizada pelas consultorias 65|10 e Subversiva e está disponível clicando aqui

  1. 4 em cada 10 brasileiros declararam não se sentir bem descansados 
  2. Estamos 8% mais cansados que a média global 
  3. 65,5% da população relata problemas relacionados ao sono e as mulheres são as mais afetadas 
  4. Mulheres são mais suscetíveis a sofrer com a síndrome de burnout nos ambientes de trabalho 
  5. As mulheres dedicam 73% mais tempo que os homens às tarefas do cuidado. As mães ocidentais dedicam o dobro do tempo aos filhos do que era dedicado na década de 60, quando menos mães trabalhavam fora. 

Os números assustam, não é mesmo? E sinto lhe dizer, mas o problema não para aí: quando não descansamos de forma adequada na qualidade e quantidade de sono, podemos ter impactos muito negativos em nosso cérebro e no funcionamento do nosso corpo. A privação de sono afeta nossa memória, nosso tempo de reflexo, nossas capacidades cognitivas, nosso balanço hormonal, e até mesmo nossa forma de caminhar. Evidentemente, dormir pouco afeta nossa produtividade e capacidade de concentração; portanto, impacta negativamente na qualidade do nosso trabalho. Outro ponto que devemos considerar aqui: tudo o que existe hoje é um produto do processo evolutivo. Se dormir bem fosse dispensável, com certeza não seria um atributo selecionado para perdurara pós milênios de evolução em absolutamente todas as espécies que conhecemos. Aquela frase “trabalhe enquanto eles dormem” ou “estude enquanto eles dormem” nunca esteve tão absurdamente errada, além de ser prejudicial para nossa saúde e produtividade.

Bom, acho que consegui deixar o problema claro. Agora vamos para a próxima etapa: pensar em soluções (ou pelo menos começar a pensar sobre elas).

Não existe um único caminho possível aqui, sobretudo porque o cansaço pode ser multifatorial, e existem soluções a nível individual e outras que dependem das pessoas que vivem conosco e até mesmo das empresas e do estado. Mas o que sabemos é que temos que nos apropriar cada vez mais do direito de descansar. Em primeiro lugar porque esse direito é garantido pelo menos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela Constituição Federal e pela CLT. Em segundo lugar mas não menos importante porque isso tem impacto direto na nossa saúde. Em terceiro lugar, porque se queremos produzir mais e até mesmo inovar mais, sermos mais criativas e “sair da caixa”, precisamos estar com nossas capacidades mentais em bom estado. Isso significa que precisamos estar descansadas.

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A Maíra Blasi, fundadora da consultoria Subversiva e uma das criadoras da Declaração dos Direitos Descansistas, fala bastante sobre os loops que estamos imersos no dia a dia, seja no trabalho ou na nossa vida. Em suas palavras: “Loops Culturais/Sociais são acontecimentos que se repetem no mundo, sem que as pessoas compreendam exatamente a sua origem e quando os percebem, já estão presas neles. (…) Ao não enxergarmos o loop que estamos presas, continuamos reproduzindo comportamentos e práticas que reforçam aquilo que não queremos ver no mundo”.

Então o primeiro passo que podemos dar hoje é refletir sobre os loopings que estamos imersas, seja em nosso trabalho, seja em nossas casas, seja em outras rotinas que não pararmos para pensar. O que suga sua energia e você nem percebe? O que te consome e você não nota? Onde você está concentrando sua energia, vale a pena? Fazendo essas reflexões, fica mais fácil de entendermos, dentro de nossas rotinas e de nossas bolhas, onde estão os maiores problemas e como podemos minimizá-los e qual rede de apoio devemos formar. E não se esqueça de estabelecer horário de dormir, por favor. Se levamos a sério o horário para acordar, precisamos levar tão a sério nosso horário de dormir (de 7 a 9 horas de sono por noite hein, pessoal)!

Inovar também é descansar, para que a gente tenha energia e disposição para olhar os problemas em profundidade, e tenha capacidade física e mental para lidar com eles.

Quem não descansa, não inova. 

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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