Nos últimos tempos, em minhas conversas com profissionais de segurança durante o diagnóstico do PACS (Programa Acelerador de Carreira em Segurança), venho percebendo um padrão curioso. Muitos dos profissionais que passam por esse processo vêm de um background técnico sólido — seja em infraestrutura, desenvolvimento, ou operações. São profissionais extremamente competentes quando o assunto é a parte técnica. Porém, um problema recorrente que encontro é a dificuldade de muitos em traduzir essa capacidade técnica em habilidades de gestão e, principalmente, de comunicação com a alta liderança.
Esse gap entre hardskills (competências técnicas) e softskills (habilidades comportamentais) pode ser um dos principais motivos pelos quais muitos profissionais de segurança da informação entram em uma empresa com grandes expectativas, mas acabam saindo por problemas de relacionamento e comunicação. É como se o domínio técnico que garantiu sua contratação fosse insuficiente para mantê-los na posição quando é exigida uma atuação mais estratégica e de relacionamento.
A Transição Técnica para a Gestão Executiva
Uma das transições mais desafiadoras para os profissionais de segurança é passar da operação técnica para a gestão executiva. Na parte técnica, o conhecimento e a expertise dominam, mas quando o profissional assume uma posição de liderança, ele precisa saber não só resolver problemas, mas também comunicar de forma eficaz, alinhar expectativas e, acima de tudo, criar um relacionamento de confiança com a alta liderança. Isso requer uma combinação de habilidades de comunicação clara, empatia, visão estratégica e, muitas vezes, diplomacia — habilidades que nem sempre são trabalhadas no ambiente técnico.
Essa lacuna não é exclusiva do setor de segurança, mas parece ser particularmente acentuada nele. E, no cenário atual, onde a cibersegurança é uma prioridade crescente para as organizações, essa capacidade de “traduzir” o técnico para o estratégico nunca foi tão importante. Afinal, como um profissional pode convencer o board de uma empresa a investir em segurança cibernética se não conseguir explicar, de forma simples e eficaz, o impacto potencial de um ataque?
A Ilusão do “Nota 10”
Durante os diagnósticos que realizo, uma questão que costumo perguntar é: “Que nota você se daria em determinado ponto?” Muitos profissionais, com base em sua experiência dentro de uma única empresa, frequentemente dão notas altas a si mesmos. Porém, o que observo é que essas notas são baseadas em uma visão limitada. A falta de exposição a múltiplas empresas ou a diferentes cenários de mercado muitas vezes cria a ilusão de que o profissional tem pleno domínio sobre aquele tema.
Quando fazemos perguntas mais aprofundadas, fica claro que, muitas vezes, essa autopercepção não é realista em um contexto de mercado mais amplo. E isso pode ser extremamente frustrante para o profissional que, ao sair de uma empresa onde se sentia seguro, de repente se vê incapaz de atender às expectativas de um novo ambiente.
A Importância das Softskills e da Mentoria
A verdade é que, para crescer e se destacar na carreira, especialmente em cargos de liderança, é necessário muito mais do que expertise técnica. As softskills, como comunicação, gestão de relacionamentos, inteligência emocional e liderança, são fundamentais para o sucesso em qualquer ambiente corporativo. E é aqui que o processo de mentoria se torna tão valioso.
Durante o processo de mentoria no PACS, ajudamos os profissionais a desenvolverem uma visão mais ampla, tanto do mercado quanto de suas próprias competências. É comum que, no início do programa, o profissional acredite estar “nota 10” em várias áreas. No entanto, ao ser exposto a novos cenários e receber feedback construtivo, ele percebe que há sempre algo a melhorar, e essa jornada de autodesenvolvimento é essencial para o sucesso.
A mentoria ajuda a identificar essas lacunas, ajustar as expectativas e traçar um plano claro de desenvolvimento para que, quando novos desafios surgirem — seja em uma nova empresa, seja em uma promoção dentro da atual —, o profissional esteja plenamente preparado.
Ser um excelente profissional de segurança da informação vai além de dominar as ferramentas e tecnologias. É preciso saber navegar pelas complexidades das relações humanas e gerenciais, comunicar-se eficazmente com os líderes empresariais e traduzir problemas técnicos em decisões estratégicas. O PACS foi criado exatamente para isso: preparar líderes de segurança para irem além da técnica e se tornarem líderes completos, prontos para qualquer desafio.
Se você está buscando essa transformação, convido você a refletir sobre as suas softskills e como elas podem estar impactando a sua carreira. Vamos conversar sobre como o PACS pode ajudar você a se preparar para o próximo nível.
Por Allex Amorim, executivo com mais de 20 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais dos segmentos de Tecnologia, Consultorias, Instituições Financeiras, Telecomunicações, Varejo, Educação e Startup, com expertise em Tecnologia e LGPD e Segurança da Informação, e em planejamento estratégico com foco em resultados.
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