O debate entre a manutenção do trabalho híbrido e remoto ou o retorno para um ambiente presencial ainda não foi resolvido. Diversos profissionais têm valorizado sua maior autonomia e flexibilidade adquiridas com a modalidade à distância, enquanto outros acreditam que a existência de um escritório para realizar as tarefas em equipe pessoalmente é essencial para a produtividade.
Introspecção global resgata prioridades humanas
Em meio aos resultados catastróficos da pandemia do COVID-19, um outro fenômeno se manifestou: uma necessidade de reconexão com valores mais pessoais, que por consequência também mudou as prioridades da sociedade moderna. O isolamento reforçou desejos por conexões genuínas, além de uma apreciação maior pelo tempo com a família e amigos, contato com a natureza e a importância de viagens enquanto meios de aprendizado e autoconhecimento.
Efeitos práticos da mudança de valores:
- Reconfiguração financeira: o fechamento de empresas e a transição para o trabalho remoto, combinadas com uma nova visão de vida focada na família e no bem-estar reduziram o foco da acumulação de bens materiais.
- Redirecionamento profissional: muitos trabalhadores passaram a priorizar mais a flexibilidade e controle de seus horários. Segundo a 24ª edição do Índice de Confiança Robert Half, 38% dos profissionais veriam o retorno ao trabalho totalmente presencial como uma justificativa para buscar outros empregos.
- Retração do consumo impulsivo: a percepção de que se precisa de menos para viver fez muitas passarem a enxergar o consumismo exacerbado como não essencial para a felicidade.
- Ritmo contemplativo: houve um movimento em direção a uma vida mais lenta e ponderada na sociedade, o que também trouxe consequências para setores da economia dependentes de impulsos imediatistas.
- Reavaliação da importância da saúde mental: a importância do bem-estar psicológico se tornou uma prioridade para muitos. O fato de poder contar com um ritmo de vida desacelerado e a reaproximação com entes queridos proporcionou uma diminuição nos níveis de estresse e ansiedade.
A revalorização do trabalho presencial
Por outro lado, contrapondo a tendência inicial do home office, muitas empresas perceberam que, apesar de suas vantagens, o modelo híbrido apresenta desafios cruciais. A ausência de interações cotidianas, restrições de infraestrutura e dificuldades de comunicação efetiva levaram à revalorização dos escritórios. Estar fisicamente presente tornou-se, para muitos, um sinônimo de comprometimento, inovação e eficiência.
Sendo assim, diversas empresas estão exigindo a volta de seus colaboradores para um modelo de trabalho presencial. Dentre os casos mais famosos, é possível citar a Tesla, a Disney e a Apple.
Resolução do impasse
A pandemia reestruturou não apenas a saúde global, mas o próprio alicerce dos valores sociais. Essa reconfiguração gerou reflexões profundas sobre o embate entre produtividade e bem-estar, instigando empresas e profissionais a buscarem novas soluções de modo a conseguir equilíbrio em meio a instabilidade, e uma resposta universal não foi alcançada.
O que funciona para um negócio pode não funcionar para outro, e os colaboradores podem se manifestar de maneiras diferentes. Sendo assim, é responsabilidade dos líderes das empresas entender qual o melhor modo de trabalho, levando em conta também o bem estar e a opinião de seus funcionários, de modo a se adaptar e evoluir diante de uma nova realidade.
Denis Mitre Elias | Itshow | Dome Incorporadora