Mulheres e pessoas de classes sociais mais baixas enfrentam obstáculos significativos ao ingressar no campo da tecnologia. Os dados são de uma pesquisa da Serasa Experian, que aponta que a falta de representatividade e o acesso limitado ao conhecimento são desafios para identificar novos talentos.
Dos entrevistados, 90% veem a tecnologia como uma profissão futura, mas apenas 29% trabalham nesse setor. Nas classes C, D e E, somente 23% têm empregos relacionados à tecnologia. Por outro lado, até 2024, o Brasil terá uma carência prevista de 260 mil vagas em Tecnologia da Informação, segundo a Brasscom.
Desconhecimento é um dos principais motivos para o gap de profissionais
A falta de conhecimento é um dos principais motivos para essa lacuna, de acordo com o estudo. Apenas 37% dos que não atuam na tecnologia já consideraram a possibilidade de fazê-lo, com apenas 24% planejando ingressar nesse campo. No cenário por gênero, é possível observar que só 20% das mulheres que não trabalham no segmento têm vontade de trabalhar.
Entre os motivos para evitar a tecnologia, foi apurado que o desconhecimento e o desinteresse predominam. Cerca de 48% dos entrevistados afirmam não conhecer nada sobre tecnologia ou não se interessar pelo tema, chegando a 52% nas classes sociais mais baixas.
A questão financeira também afasta minorias da tecnologia. A desmistificação do mercado de trabalho é um obstáculo adicional, pois muitas pessoas não sabem como se envolver. “Como alguém pode se interessar por aquilo que não conhece?”, questiona o head de sustentabilidade da Serasa Experian, Paulo Gustavo Gomes. Para ele, pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, não sabem como podem procurar informações sobre o tema e não sabem como atuar dentro dele.
LEIA TAMBÉM
Twitter anuncia chamada de áudio e vídeo e programa de monetização no Brasil
Governo brasileiro aloca R$66 bilhões para inovação tecnológica
A importância dos cursos gratuitos para inclusão
Os desafios enfrentados por aqueles que não têm afinidade com a área ou lutam para se capacitar incluem a falta de habilidades, experiência, recursos educacionais e dificuldades de aprendizado. Alguns também têm dificuldade em fazer a transição de carreira, pois já trabalham em outra área.
Por isso, programas de incentivo à educação e ao emprego podem resolver muitos desses problemas, segundo o estudo. Metade dos entrevistados já realizaram cursos livres e técnicos online e entendem que são portas de entrada para o mercado de trabalho da tecnologia e as opções de carreira.
De acordo com o levantamento, os cursos online são mais acessíveis para as classes de menor renda, enquanto as universidades são frequentadas por classes mais altas. Dos que fizeram cursos relacionados à tecnologia, 38% os fizeram gratuitamente, sendo 48% das classes mais baixas, 45% negros e 43% LGBTQIA+. Além disso, 46% dos entrevistados que nunca fizeram cursos planejam iniciar nos próximos 6 meses.
“A relevância de projetos de inclusão para áreas de tecnologia é muito clara. Programas que conectam grupos vulneráveis com esse tipo de experiência são capazes de criar sonhos e mudar vidas, mostrando novos caminhos possíveis e encorajando as pessoas a trilhá-los. Precisamos de um mercado diverso para continuar obtendo novas ideias e descobrindo novos talentos”, finaliza Paulo Gomes.
A pesquisa foi realizada entre fevereiro e março de 2023, com cerca de 3 mil casos representando homens e mulheres acima de 18 anos de todas as classes sociais e regiões do país e com interesse na área de tecnologia.
LEIA MAIS