Trabalhar à distância se popularizou de maneira nunca antes vista: 85% das empresas do país adotaram o modelo home office na pandemia. De lá pra cá, a flexibilidade tornou-se mais um requisito entre as prioridades dos profissionais em busca de novas oportunidades de trabalho.
Segundo pesquisa realizada pelo Vagas.com para o software de R&S Vagas For Business, o modelo híbrido é o favorito no Brasil, de acordo com 43,15% dos participantes. “As tendências colocam em evidência a preferência de boa parte dos profissionais pelo modelo híbrido de trabalho, indicando que equilíbrio é o que eles buscam. Equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional, equilíbrio na saúde física e mental, equilíbrio nas relações, equilíbrio na qualidade do tempo”, explica Ligia Hacker, head de Estratégia de Pessoas e Cultura da Vagas.
LEIA MAIS
Comunicação integrada via IP pode aumentar a produtividade no agronegócio
Unicamp terá Centro de Pesquisa de soluções 5G e 6G
Para outros 30,1% dos trabalhadores brasileiros, o trabalho remoto home office é o preferido, sendo a possibilidade de ingressar em qualquer empresa do Brasil e do mundo, um dos principais benefícios apontados nessa opção de jornada. O modelo presencial tem a preferência de quase 27% dos que responderam à pesquisa.
“De modo geral, as tendências de novos modelos representam a possibilidade não só da inovação para o mercado de trabalho como também a revisitação de valores importantes que se fazem presentes na vida de todos os profissionais”, acrescenta Hacker.
O estudo “Preferências do local de trabalho”, realizado de 29 de outubro a 7 de novembro de 2021, e atualizado em novembro de 2022, contou com a participação de 11.601 candidatos da base de dados da Vagas.com. O objetivo da pesquisa foi entender as preferências dos candidatos pelos modelos de trabalho disponíveis e os motivos pelos quais mais gostam desses formatos.
MODELO HÍBRIDO
Esse movimento do modelo híbrido ocorre depois do ápice da pandemia, quando os encontros de pessoas voltam a ganhar um pouco mais de força, no fim de 2021. De acordo com Ligia, isso traz à tona alguns pontos importantes para os quais as empresas devem olhar, como:
– Promoção de encontros de valor entre as pessoas colaboradoras, que prezam pelo bom convívio com os parceiros de trabalho;
– Flexibilização de um modelo integralmente presencial evidenciando a importância de levar uma rotina mais leve, com a possibilidade de estar mais perto de família e amigos, de não ter de se locomover todos os dias para executar um trabalho de qualidade;
– Repensar as melhores estratégias para oferecer um espaço físico de qualidade para os colaboradores e que faça sentido para a realidade híbrida do negócio;
“Além disso, existe a própria questão do poder de escolha dos colaboradores, escolher de onde trabalhar, escolher como fazer a gestão de entregas, escolher os melhores horários para trabalhar, tudo isso sempre alinhado com a empresa e com os pares. Com isso, proporcionalmente, os sensos de autonomia e de responsabilidade são cada vez mais desenvolvidos nos profissionais e isso acaba impactando o mercado de trabalho como um todo, que passa a contar com pessoas com esses perfis”, defende Ligia.
ESCOLHA PELA FLEXIBILIDADE: HOME OFFICE E NÔMADES DIGITAIS
Enquanto a possibilidade de trabalhar para empresas localizadas a milhares de quilômetros de casa lidera a lista de motivos pelos quais muitos preferem o trabalho remoto, outros fatores também se destacam:
– Não precisar se locomover até o trabalho (13,99%);
– Ter mais tempo para cuidar da família (11,76%);
– Ter tempo para outras atividades (11,76%);
– Flexibilizar o tempo de trabalho com atividades domésticas (10,39%);
Neste sentido, novos estilos de vida surgem, como os nômades digitais: profissionais que usam a tecnologia para atuar em uma empresa de qualquer lugar do mundo, viajando enquanto trabalham. Há até a nomenclatura anywhere office.
De acordo com o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022, da empresa global especializada em migração Fragomen, há cerca de 35 milhões de nômades digitais no mundo, com perspectiva chegar a quase 1 bilhão até 2035.
“As empresas olham para as inovações de modelos de trabalho com entusiasmo e também com cautela”, conta Ligia. Segundo ela, as inovações devem conversar com os valores da companhia. Ao adotar um novo modelo é preciso alinhar alguns pontos internamente, como: autorresponsabilidade, autogestão e confiança são valores que devem reger as relações entre stakeholders; acompanhar muito de perto como as pessoas se sentem em relação a esses modelos, de forma que eles não gerem ansiedade, depressão ou qualquer outra coisa que comprometa a integridade e a saúde das pessoas; entender, via KPIs importantes para o negócio, qual modelo entrega mais valor às pessoas e ao crescimento da empresa. “Mais uma vez, o equilíbrio é a palavra-chave aqui”, completa.
LEIA MAIS