Já se perguntou se o seu celular escuta as suas conversas? A ideia de que smartphones captam diálogos privados para oferecer anúncios direcionados levanta dúvidas sobre a privacidade digital. Embora empresas de tecnologia neguem práticas de escuta não autorizada, os microfones dos dispositivos permanecem ativos por conta dos assistentes virtuais como Siri e Google Assistant.
Esses assistentes são programados para serem ativados por comandos específicos como “Hey, Siri” ou “Ok, Google”. No entanto, alguns usuários relatam que, após conversarem sobre determinados assuntos, começam a receber anúncios relacionados.
Apple nega o uso de gravações da Siri para fins de marketing
A Apple reforçou que não utiliza gravações de interações com a Siri para personalizar anúncios. Em um comunicado oficial publicado na última quarta-feira (8), a empresa garantiu que “nunca usou dados da Siri para criar perfis de marketing, nunca disponibilizou esses dados para publicidade e nunca os vendeu para terceiros”.
A declaração acontece após a empresa concordar em pagar US$ 95 milhões (cerca de R$ 570 milhões) para encerrar um processo nos Estados Unidos. A ação judicial acusa a companhia de gravar conversas dos usuários com a assistente digital e compartilhar essas informações com terceiros, sem consentimento.
A Apple explicou em seu comunicado como gerencia os dados coletados pela Siri, destacando que a maior parte das interações acontece diretamente no dispositivo, sem necessidade de envio de informações para os servidores da empresa. Veja os principais pontos:
Uso de servidores: Alguns comandos, como pesquisas na web, exigem conexão com os servidores da Apple. Nesses casos, a empresa afirma que utiliza um identificador aleatório e não vincula as solicitações à conta do usuário.
Gravações opcionais: As interações com a Siri só são armazenadas se o usuário optar por compartilhar esses dados para ajudar na melhoria do serviço. Essa configuração pode ser ativada ou desativada nas preferências do dispositivo.
Google, Meta, Microsoft e Amazon também foram alvos este ano
Um vazamento envolvendo a Cox Media Group (CMG), uma empresa norte-americana, em setembro deste ano, sugere que o celular pode estar capturando conversas dos usuários para fins publicitários.
Segundo informações obtidas pelo portal de notícias 404 Media, a CMG utiliza um software denominado “Active Listening”. A matéria explica que a tecnologia utiliza microfones de dispositivos inteligentes, como smartphones e televisões, para captar conversas dos usuários com o objetivo de direcionar anúncios publicitários.
Empresas como Google, Meta, Microsoft e Amazon foram citadas como parceiras da CMG, mas não foi especificado se elas estão diretamente envolvidas no uso do “Active Listening”. Como resposta ao portal Mashable, o Google afirmou ter retirado o CMG do seu programa de parceiros e a Amazon, por sua vez, negou qualquer parceria com o grupo.
A Meta, dona do Facebook e Instagram, em sua política de privacidade, também nega que utiliza o microfone para captar conversas. Ainda destaca que é possível ajustar preferências de anúncios nas configurações das plataformas permitindo limitar o uso de informações pessoais para segmentação de publicidade.
Anúncios personalizados: coincidência ou vigilância?
A percepção de que anúncios parecem “ouvir” as conversas pode ser explicada por padrões de comportamento digital. O histórico de buscas, os locais visitados e as interações nas redes sociais são dados utilizados por algoritmos para prever interesses e oferecer sugestões, segundo as Big Techs. Mesmo que pareça invasivo, esses sistemas funcionam de forma preditiva, sem a necessidade de capturar áudios.
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