Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Sul de Minas, descobriram um novo agente polinizador da castanha-do-pará. Trata-se de uma abelha que, até então, não estava envolvida no ciclo de vida da árvore. A partir dessa descoberta, há possibilidade de cultivar a castanheira Bertholletia excelsa em locais fora do seu habitat natural, a Amazônia.
“A flor da castanheira possui um capuz que cobre a estrutura de reprodução, e, para ser polinizada, ela precisa de um agente polinizador maior”, explica a engenheira florestal e agrônoma Clarissa de Moraes Sousa, que conduziu o trabalho no doutorado em Ciências Florestais.
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Segundo a engenheira, o estudo é realizado a partir de mudas produzidas de sementes coletadas no Estado do Mato Grosso em 1996. Ao todo, foram 20 anos até a frutificação e há quatro anos os professores da Escola de Ciências Agrárias (Esal/Ufla) realizam as pesquisas.
Como a castanheira é uma árvore de grande porte, os pesquisadores tiveram que instalar uma plataforma de 18 metros de altura para registrar os insetos polinizadores.
Para identificar as espécies que se aproximaram das flores da castanheira, os estudiosos contaram com a ajuda de especialistas do Departamento de Entomologia e do Laboratório de Bionomia, Biogeografia e Sistemática de Inseto da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
De acordo com Clarissa, seis espécies se aproximaram das flores. Três delas são espécies visitantes (não polinizadoras) e outras duas são agentes polinizadores. A descoberta se deu com as abelhas da espécie Centris lutea, que ainda não havia sido identificada.
“Ter esses insetos é a garantia de que teremos os frutos da castanheira, já que ela é altamente dependente dessas abelhas. Nas áreas em que forem implantar o cultivo dessa árvore é necessário verificar se há a existência dessas abelhas, que também polinizam outras espécies, ou atraí-las com outras frutíferas, como o maracujá e a acerola”, explica Clarissa.
CASTANHA-DO-PARÁ
Um dos pesquisadores da Ufla, o professor Lucas Amaral de Melo, revela que a literatura científica atual diz ser impossível que a castanheira frutifique fora de seu habitat natural. “Com a descoberta, abre-se uma grande possibilidade para o cultivo fora da região amazônica“, diz.
De acordo com Melo, os dados preliminares levantados durante a pesquisa demonstram que o comportamento da castanheira no Sul de Minas é parecido com o da região de origem.
“Do ponto de vista da produção comercial é interessante, pois permite produzir frutos durante a entressafra da região amazônica e, consequentemente, disponibilizar mais amêndoas durante maior parte do ano, com um retorno econômico melhor”, avalia.
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