8 de dezembro de 2024
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Apuração aponta 2º turno no Equador, com aliado de Correa à frente e adversário ainda indefinido

QUITO, EQUADOR (FOLHAPRESS) – Com mais de 80% das urnas apuradas na eleição presidencial do Equador, o esquerdista Andrés Arauz, apadrinhado do ex-presidente Rafael Correa, tem 32,2% dos votos e vai para o segundo turno com adversário ainda indefinido. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) decidiu parar a contagem porque há um empate técnico entre Guilherme […]

QUITO, EQUADOR (FOLHAPRESS) – Com mais de 80% das urnas apuradas na eleição presidencial do Equador, o esquerdista Andrés Arauz, apadrinhado do ex-presidente Rafael Correa, tem 32,2% dos votos e vai para o segundo turno com adversário ainda indefinido.
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) decidiu parar a contagem porque há um empate técnico entre Guilherme Lasso e Yaku Pérez. Será preciso definir na contagem voto a voto quem é que vai para o segundo turno com Arauz.
Mais cedo, duas pesquisas de boca-de-urna haviam apontado como rival de Arauz no segundo turno o banqueiro Guillermo Lasso. A projeção oficial, contudo, tira Lasso da disputa, e entra Yaku Pérez.
Logo depois do início da apuração, o candidato Guillermo Lasso disse estar confiante de que irá ao segundo turno com Andrés Arauz, pediu calma na espera dos resultados e partiu para o discurso do medo. “Os equatorianos sabem qual é a outra alternativa que não a nossa opção, o exemplo do que vai acontecer está aqui ao lado, é a Venezuela”.
Afirmou que só reconhecerá resultados quando houver 100% dos votos contados. “Não se deve confundir o povo equatoriano com esse tipo de anúncio apressado do CNE. É preciso esperar”. Já Yaku Pérez atacou as pesquisas de boca de urna. “Sabemos que ou estão vinculadas ao banqueiro (Lasso) ou ao refugiado na Bélgica (Correa). As urnas vão mostrar que somos nós no segundo turno”. Afirmou, ainda, que as bases de dados de seu partido vinham sofrendo ataques de hacker, e pediu que os seguidores de seu partido, o Pachakutik, fizessem uma vigília até que o resultado saísse.
O Instituto Cedatos projetou vitória de Andrés Arauz com 34,94% contra 20,99% de Guillermo Lasso. Em terceiro, estaria Yaku Pérez, com 17,99%. Já o instituto Clima Social apontou que Arauz teria 36,2% e Lasso, 21,7%.
Ainda é necessário esperar o final da contagem oficial, pois a distância entre Pérez e Lasso é muito pequena. O segundo turno está marcado para 11 de abril.
Para vencer em primeiro turno, um candidato precisaria conseguir 50% dos votos mais um, ou 40%, mas com uma diferença de dez pontos percentuais com relação ao segundo colocado.
Caso a dianteira de Arauz se confirme, uma união das propostas dos rivais Pérez e Lasso é muito difícil. Eleitores do líder indígena, por exemplo, são contra o modelo neoliberal defendido por Lasso.
Arauz completou 36 anos no último sábado (6). Além de jovem, também é pouco conhecido no país por ter morado muito tempo fora. Cursou economia na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Depois, voltou ao Equador para seu mestrado na Flacso (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais).
Recentemente, estava realizando seu doutorado na Unam (Universidade Nacional Autônoma do México). E, por conta disso, ele não pode votar nesta eleição, pois seu domicílio eleitoral está no México.
Nascido em Quito, é filho de um dirigente de uma companhia petrolífera e de uma agente de turismo. Foi criado, porém, por sua avó materna, Flor Galarza, 106, a quem levou para votar neste domingo (7). “A ela devo a educação que tive quando criança e todo o carinho que recebi”.
O banqueiro Guillermo Lasso votou em Guaiaquil, numa escola no norte da cidade. “Haverá segundo turno e venceremos, porque as pessoas querem a mudança”, disse.
Lasso deu as declarações defendendo que era necessário que houvesse respeito às normas sanitárias. Fez isso, porém, cercado de jornalistas e apoiadores aglomerados ao redor dele.
Já o líder indígena Yaku Pérez votou em Cuenca, e pediu que as pessoas fizessem do dia “uma festa democrática” e que votar por ele era “votar num cidadão como todos”.
A votação foi marcada por filas e demora para a abertura de mesas no interior. Embora as autoridades tenham orientado os eleitores a votar em horários separados —de manhã os que têm o documento de identidade com o final par, e de tarde os que têm em final ímpar—, para evitar aglomerações, nas primeiras horas deste domingo (7) isso não foi cumprido.
“Não dá para pedir isso, nós sempre votamos juntos, depois almoçamos e temos cada um coisas a fazer. Aqui em Quito sempre se procura votar de manhã e junto, porque é preciso se locomover até o local de votação. Separar o voto de cada um atrapalha a família”, diz Nataly Junqueira, 29, em um centro de votação em Quito no subúrbio da cidade.
Ela estava acompanhada do pai, que trabalha num mercado de comida, do marido, que é motorista de táxi e de uma cunhada. Junquera é garçonete, mas está sem trabalho. Ela cuida dos dois filhos do casal.
“Estamos muito preocupados com o impacto da pandemia na votação. Primeiro por conta dessas dificuldades de manter a distância social nas filas e as aglomerações. Depois, porque há candidatos jogando com o medo da contaminação, o que pode impactar no comparecimento às urnas”, contou à reportagem o norte-americano David Adler, observador pela organização Internacional Progressista.
O Equador enfrenta um aumento de casos de coronavírus. No sábado (6), registrou-se um novo recorde de cifras de contagiados e mortos pelo país. Desta vez, o epicentro dos novos casos é a província de Pichincha, onde está localizada a capital do país, Quito. Nos últimos dias, o número de internados pela doença tem estado acima de mil, o que ameaça o sistema hospitalar do país.
Há uma preocupação com a contagem dos votos, pois na última eleição presidencial houve um “apagão”, quando o sistema de apuração saiu do ar e gerou dúvidas sobre se todos os votos haviam sido contabilizados.
” Seria importante que isso não ocorresse novamente, para não gerar manifestações, que serão negativas para a legitimação do resultado, e podem gerar aglomerações que aumentem o risco de contágios. Por enquanto, estamos reparando que há poucos fiscais dos partidos para acompanhar a contagem dos votos. E isso pode ser problemático”, afirma Adler.

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