A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro entra na fase das oitivas nesta terça-feira (20). O primeiro depoimento é do ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques. Ele, que é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, deve ser questionado sobre as operações realizadas pela PRF, em todo país, no dia 30 de outubro de 2022, durante o segundo turno das eleições. Vasques já é alvo de um inquérito da PF que apura se as operações teriam como objetivo atrapalhar a chegada dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às urnas, principalmente no Nordeste, reduto político do petista.
Vasques se tornou diretor-geral da PRF em abril de 2021, quando Bolsonaro nomeu Anderson Torres como ministro da Justiça. Ele nunca escondeu que era bolsonarista, postando em suas redes sociais fotos ao lado de Bolsonaro em eventos do governo com a presença da PRF. Durante as eleições, ele defendeu o voto no ex-presidente. Nos stories, compartilhou uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”. A postagem foi apagada horas depois. Investigado por improbidade por apoio a Bolsonaro, Silvinei foi exonerado do cargo em dezembro.
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A convocação de Silvinei foi feita durante a última sessão da CPMI, quando o colegiado bateu o martelo para ouvir 36 pessoas nessa primeira fase – em sua maioria pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro. O requerimento para convocá-lo foi feito pela senadora e relatora Eliziane Gama (PSD-MA), mas outros três documentos também solicitavam a sua oitiva, sendo eles apresentados pelos senadores Ana Paula Lobato (PSB-MA) e Fabiano Contarato (PT-ES); e pelo deputado federal Rafael Brito (MDB-AL).
Após mais de dois meses de pressões, o presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aceitou o pedido de criação da CPMI, em abril de 2023. O colegiado tem como objetivo investigar os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro; e tem como composição o total de 32 integrantes, sendo 16 deputados e 16 senadores.
REQUERIMENTOS A SEREM VOTADOS
Para esta terça-feira, o colegiado tem na pauta a votação de diversos requerimentos dentre eles a solicitação de todos os documentos, processos e inquéritos decorrentes das investigações dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023 – tema alvo de 11 pedidos.
O grupo deve retomar a discussão sobre a convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Lula, que pediu demissão após aparecer em imagens do circuito interno do Palácio do Planalto sem confrontar invasores que depredaram o prédio nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Na última sessão, integrantes da base de Lula, composta por 20 membros, impediram que ele fosse convocado. Gonçalves Dias é alvo agora de 7 pedidos de convocação.
No último encontro, a ala governista também impediu a convocação do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Saulo Moura da Cunha. Entretanto a sua possível oitiva deve voltar a ser discutida hoje pelo grupo, uma vez que 5 mais requerimentos estão na pauta com essa demanda.
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