14 de dezembro de 2024
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Grupo que aconselha OMS aprova uso da vacina de Oxford em idosos

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – O grupo de especialistas em imunização (Sage) que aconselha a OMS afirmou que a vacina Oxford/AstraZeneca pode ser usada por todos os adultos acima de 18 anos, incluindo os idosos. O imunizante é o principal do programa de vacinação do governo federal brasileiro. Por falta de dados sobre o efeito em […]

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – O grupo de especialistas em imunização (Sage) que aconselha a OMS afirmou que a vacina Oxford/AstraZeneca pode ser usada por todos os adultos acima de 18 anos, incluindo os idosos. O imunizante é o principal do programa de vacinação do governo federal brasileiro.
Por falta de dados sobre o efeito em maiores de 55 anos, mais de dez países europeus restringiram temporariamente o uso da vacina de Oxford nessas faixas etárias. Os especialistas do Sage afirmaram que a cautela pode fazer sentido para os que têm mais de uma opção disponível, mas isso não se aplica a todo o mundo.
De acordo com a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, ninguém deveria ficar esperando por um imunizante com maior eficácia. “Uma vacina agora, a que estiver disponível, é muito melhor do que esperar e correr o risco”, disse ela.
O grupo de aconselhamento da OMS afirmou que a recomendação desta quarta ainda é provisória e será atualizada conforme cheguem mais resultados de ensaios clínicos. Mas, segundo os especialistas, há vários indícios de que a vacina de Oxford terá resultado razoável entre os idosos.
“As respostas imunológicas induzidas pela vacina em pessoas idosas são bem documentadas e semelhantes às de outras faixas etárias”, afirmou Joachim Hombach, secretário-executivo do grupo.
O Sage também observou que os ensaios feitos até agora usaram intervalos entre as doses de no máximo 7 semanas, enquanto novos estudos mostraram maior eficácia quando a segunda dose é aplicada 12 semanas após a primeira (prazo usado no Reino Unido e recomendado no programa de vacinação brasileiro).
Segundo Hombach, a resposta imunológica por meio de outras estruturas de defesa, como as células T, também se mostrou suficiente para proteger os idosos.
A recomendação do Sage não interfere diretamente na avaliação da vacina pelo departamento regulatório da OMS, mas a expectativa é que ele inclua o produto de Oxford/AstraZeneca em sua lista de uso emergencial na próxima segunda (15). Essa autorização é necessária para que as vacinas comecem a ser distribuídas pela Covax, consórcio internacional que enviará imunizantes para mais de 100 países, incluindo o Brasil.
Por permitir a compra do imunizante por preço de custo, a Covax é a principal alternativa de vacinação dos países mais pobres, e as vacinas da Oxford/AstraZeneca são no momento a base do programa.
O Sage recomendou o uso do produto mesmo em países em que há forte circulação de variantes menos suscetíveis à vacina, como a África do Sul, onde foi detectada a B.1.351, ou o Brasil, onde circula a P.1. Estudos ainda preliminares mostraram que, para casos leves ou moderados de Covid-19, o imunizante de Oxford tem efeito sobre a variante B.1.351 muito menor que sobre o Sars-Cov-2 original -não há ainda resultados do impacto no caso da P.1.
Por causa desses indícios, o governo sul-africano suspendeu temporariamente o uso da vacina de Oxford, até montar um ensaio clínico que possa avaliar rigorosamente o impacto em 100 mil pessoas. A ideia é esperar esses resultados antes de escalar a administração do imunizante
De acordo com o Sage, porém, há muitos indicativos de que a vacina ofereça proteção suficiente contra doenças mais graves e morte. O’Brien afirmou que, em imunizantes em geral, o esperado é que a eficácia seja mais baixa para os casos mais leves e cresça conforme eles se tornam mais severos.
Embora apontem a necessidade de mais estudos e de ajustes nas vacinas, se necessário, os especialistas da OMS afirmam que os produtos já disponíveis são uma opção para evitar mortes e casos graves de Covid-19.
Segundo O’Brien, os modelos matemáticos mostram que, ainda que uma vacina hipotética tivesse eficácia tão baixa quanto 10%, ainda seria recomendável usá-la para proteger populações vulneráveis.

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