13 de julho de 2025
- Publicidade -
Tudo Notícias

O que acontece após novo ataque homofóbico?

Jornalista foi presa por injúria e caso levantou questões sobre proteção à comunidade LGBTQIAPN+; saiba o ataque homofóbico

Policiais de São Paulo são acionados duas vezes em três dias após ofensas homofóbicas de jornalista (Foto: Reprodução)
Policiais de São Paulo são acionados duas vezes em três dias após ofensas homofóbicas de jornalista (Foto: Reprodução)
- Publicidade -

Após ser presa em flagrante por injúria homofóbica em uma cafeteria do Shopping Iguatemi, em São Paulo, no último sábado (14), a jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, de 61 anos, voltou a ser filmada fazendo ataques de teor homofóbico. O caso reacendeu um debate nas redes sociais sobre impunidade e a resposta do sistema de Justiça diante de crimes de injúria e intolerância.

Apesar da repercussão do caso, um novo vídeo publicado nesta segunda-feira (16) pelo analista de comunicação Gustavo Leão revela que a jornalista voltou a repetir insultos homofóbicos, desta vez dentro do elevador do prédio onde mora, na capital paulista.

“Meu amigo estava em home office, abriu a porta e pediu respeito. As ofensas pioraram. A vizinha da frente também ouviu a discussão. Ele desceu com ela no elevador para avisar a administração. Eu estava no térreo recebendo uma encomenda”, contou Gustavo.

Segundo ele, ao chegar ao térreo Adriana continuou com as ofensas: “Eu vou fazer musculação para dar o c…”, “Boiola depilada”, “Olha a gaiola das loucas”.

Gustavo deu entrevista ao g1 e disse que está revoltado com a situação: “É revoltante saber que essa mulher foi solta depois de cometer um crime e voltou a agir com ódio e intolerância, agora diretamente comigo e meus amigos. Isso é a prova de que a impunidade alimenta o preconceito.”

“É como se o sistema dissesse que tudo bem cometer esses crimes, que não vai acontecer nada. Isso é desesperador, porque coloca toda a comunidade LGBTQIAPN+ em um lugar de constante vulnerabilidade”, finalizou.

Procurado pelo Estadão, o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) informou que, até a manhã desta terça-feira (17), não houve nenhuma atualização no processo da prisão em flagrante de Adriana, nem após a audiência de custódia realizada no domingo (15). O tribunal também afirmou que não há registro de uma nova prisão da jornalista.

LEIA MAIS

- Publicidade -

Qual é o documentário que recebeu R$ 2,6 mi de deputados?

O que acontece após novo ataque homofóbico?

Quando alguém comete injúria homofóbica, está sujeito a punições previstas por lei. A prática é considerada crime de racismo no Brasil, com pena de um a três anos de prisão, além de multa. Se a pessoa já foi condenada por esse motivo e volta a cometer o mesmo tipo de ofensa, a reincidência é considerada um agravante e pode levar ao aumento da pena. Nesses casos, ela também pode perder o direito a benefícios, como cumprir a pena em liberdade ou prestação de serviços comunitários. Em situações mais graves, a Justiça pode decretar uma nova prisão.

Além das consequências criminais, o agressor pode ser processado por danos morais e enfrentar consequências no campo profissional, especialmente se ocupar cargo público ou exercer profissões regulamentadas, como jornalismo ou advocacia. Por ser equiparada ao crime de racismo, a homofobia é considerada inafiançável, ou seja, não permite o pagamento de fiança para responder em liberdade.

Quem é a mulher presa por homofobia em shopping de SP?

A mulher flagrada em vídeo proferindo ofensas homofóbicas em uma cafeteria do Shopping Iguatemi, em São Paulo, no último sábado (14), foi identificada como a jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, de 61 anos. Nas redes sociais, ela afirma ser formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e ter atuado em emissoras como Record TV, TV Cultura e TV Globo.

- Publicidade -

O vídeo, que viralizou nas redes sociais, mostra Adriana ofendendo o jovem Gabriel Galluzzi Saraiva com termos homofóbicos como “bicha nojenta” e chamando-o de “assassino”. Gabriel reage chamando-a de “imbecil”. Agentes de segurança do shopping e policiais civis foram acionados e durante o trajeto até a delegacia, ela também teria ofendido os policiais.

Em entrevista à TV Globo, Gabriel relatou que Adriana estava sentada na mesa ao lado dele e de seus colegas, falando em tom alto com as atendentes da cafeteria. Segundo ele, ao se incomodar com a situação, pediu para que a jornalista falasse com mais calma com as garçonetes. A partir desse momento, Adriana teria agido de forma grosseira, iniciando os ataques.

“A gente estava tomando um café. Era por volta de 15h30. Uma senhora sentada na mesa do lado começou a pedir pela conta, descontrolada, falando bem alto ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’, ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’. Ela pedindo insistentemente, falando bem alto […] A moça fez um sinal de que já iria. Daí intervi, falei ‘calma, ela já virá, já deu o sinal’. Então, ela se descontrolou, começou a me atacar diretamente”, disse.

Já Adriana informou que Gabriel e seus amigos estavam rindo dela. “Eu estava ao telefone, eu vou ser operada no dia 27 do joelho, vou colocar uma prótese […]. Estou muito ansiosa, muito nervosa, comecei a chorar ao telefone. E esse grupo que estava ao lado começou a rir. Quando eles começaram a rir, eu desliguei o telefone, levantei o braço e pedi a conta. Falei ‘por favor, traz a conta, eu quero ir embora’”, contou.

Giulia Podgaic estava na cafeteria no momento da confusão e saiu em defesa do jovem. “Ouvi a mulher gritar com a funcionária do café, pedindo a conta, falando que queria ir ao banheiro, gritando. Aí a vítima pediu para a senhora se acalmar, disse ‘se acalma, ela já vai vir’, e aí ela começou a falar um monte, ofender ele de todos os jeitos, falar ‘pobre’, ‘bicha’, todas as palavras de baixo calão possíveis… ‘bicha nojenta’, ‘pobre’, ‘você não deveria estar aqui’”, contou.

Em nota, o Shopping Iguatemi afirmou lamentar o caso e reforçou que repudia qualquer ato de discriminação. Confira abaixo a nota na íntegra:

“O shopping lamenta a ocorrência entre os dois clientes em uma das suas operações, esclarece que prestou todo o apoio necessário e segue à disposição das autoridades competentes. O empreendimento reforça que o respeito à diversidade — em todas as suas formas — é um valor inegociável e repudia qualquer ato de discriminação e intolerância.”

LEIA TAMBÉM

Qual é o salário inicial do concurso da PF?

Como se inscrever no CNU dos professores?

Compartilhe:
Rafaela Senatore, com supervisão da redação
Graduanda em Jornalismo pela Puc-Campinas. Adentrou no Grupo EP em 2024 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual, dentro do Tudo EP e a Cidade On.

Recomendado por Taboola

- Publicidade -
plugins premium WordPress