A Câmara Municipal de Poços de Caldas enviou uma Moção de Apelo ao Governo Estadual, solicitando a ampliação dos Centros de Referência em Assistência a Queimados em Minas Gerais.
O documento foi apresentado pelos vereadores Diney Lenon (PT), Lucas Arruda (REDE) e Tiago Braz (REDE), e aprovado pelos demais parlamentares.
A proposta surgiu diante da repercussão de uma situação ocorrida no município. No início do mês de julho, a jovem Emilly Gregório Esteves, de 20 anos, teve o corpo queimado após um acidente doméstico em Botelhos. Ela foi internada em estado grave, no CTI da Santa Casa de Poços de Caldas, enquanto esperava por uma vaga no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, que é referência para esse tipo de tratamento.
A não disponibilização da vaga em tempo hábil levou a família de Emilly a buscar apoio judicial para garantir o atendimento especializado.
Para o vereador Diney Lenon, é preciso investimento nessa área. “Um caso específico que mobilizou a comunidade, que foi o caso da Emilly, trouxe à tona um problema do estado de Minas Gerais, do sistema de saúde, ou seja, a ausência de investimento, de uma ação concreta por parte do Governo do Estado para garantir o atendimento às vítimas de queimadura”, destaca.
O parlamentar Lucas Arruda também falou da situação delicada que Emilly sofreu enquanto esperava por uma vaga. “É inadmissível que um Estado do tamanho de Minas Gerais não dê conta de cuidar de seus pacientes queimados. Nós temos receio de que essa demora possa trazer sequelas irreparáveis ao longo da vida, ainda pior do que o momento pela qual ela está passando”, afirma.
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No documento, os vereadores ressaltam que, atualmente, o Estado de Minas Gerais, não atende o que é estipulado pelo Ministério da Saúde, com um número de leitos especializados em queimaduras menor que 50% do permitido.
Lucas também reforça que a intenção da moção é sensibilizar o Estado e chamar atenção para o que está acontecendo. “Tivemos a informação de que existem apenas 50 leitos credenciados e 37 funcionando corretamente em Minas, ou seja, menos da metade do que seria necessário para o Estado inteiro. Então, isso nos traz uma preocupação muito grande e essa moção vem no sentido de cobrar uma mobilização, porque nós não podemos deixar a população à mercê dessa situação. Caso aconteça um acidente de grandes proporções de queimados, essas pessoas, infelizmente, não terão o atendimento adequado”, declara.
Os Centros de Referência são regulamentados pela Portaria Estadual nº 1.273/2000, que dispõe sobre a criação, o credenciamento e os procedimentos de operacionalização das unidades.
A portaria estabelece que o Centro de Referência deverá contar com, no mínimo, oito leitos e, no máximo, 20 leitos. Como o Estado de Minas pode ter até sete Centros Especializados, entende-se que deveriam existir 140 leitos à disposição.
Diante disso, os legisladores solicitam ao Executivo Estadual que se mobilize e busque o credenciamento de todos os leitos possíveis e permitidos pela União.
O vereador Tiago Braz chama atenção para o fato do tratamento de queimados ser demorado, o que faz com que os leitos estejam sempre lotados. “Pedimos que a Secretaria de Estado de Saúde tome as providências necessárias para que a população de Minas tenha um atendimento de qualidade nessa especialidade”, enfatiza.
O CASO DE EMILLY
No início de julho, Emilly teve o corpo queimado quando foi acender um fogareiro. Segundo familiares, ela foi colher café com os pais em um sítio e na hora do almoço, ela teria usado etanol para acender o fogareiro. Como a chama já estava acesa, aconteceu uma explosão.
As chamas atingiram o rosto, peito, braços e pernas de Emilly. Na tentativa de socorrer a filha, a mãe abraçou o jovem em chamas para tentar conter o fogo e também acabou sofrendo algumas queimaduras no rosto e no couro cabeludo. Ela foi socorrida e liberada em seguida.