A Universidade Federal de Lavras (UFLA) anunciou, no início desta semana, a demissão de ¼ dos funcionários terceirizados, em decorrência do corte orçamentário de R$4,6 milhões sofrido em junho. Cerca de 600 colaboradores prestam serviço terceirizado na instituição. Ainda nesta semana, serão demitidos 148.
Segundo informações da UFLA, a instituição acadêmica já vinha funcionando com um déficit orçamentário de R$2,5 milhões para o ano de 2022.
A direção se reuniu com esses colaboradores para informar as medidas que serão tomadas para adequação diante da atual situação orçamentária. Na ocasião, o reitor, professor João Chrysostomo de Resende Júnior, destacou a importância do trabalho. “Os funcionários terceirizados têm um papel fundamental no funcionamento da Universidade. A UFLA não é a mesma e o patrimônio público não tem o cuidado devido sem a atuação de vocês”, ressaltou.
As demissões atingirão os colaboradores das áreas de manutenção predial, limpeza do campus, jardinagem, apoio administrativo, condução de máquinas agrícolas e nos laboratórios.
O professor João Chrysostomo lamentou a medida. “Cabe ao gestor colocar os gastos da Universidade dentro do seu orçamento. Infelizmente, isso significa diversos cortes e a demissão de pessoas em um momento tão difícil. (…) É uma situação muito dolorosa para nós”, afirmou.
OUTROS CORTES
Também estão programados cortes em investimentos, tais como a retomada da construção de duas obras do campus de São Sebastião do Paraíso; as compras de materiais para aulas práticas; e os investimentos em equipamentos.
As atividades finalísticas da UFLA ficarão comprometidas, além de prejudicar o cuidado com o patrimônio público, uma vez haverá diminuição na manutenção predial e na limpeza das áreas internas e externas. Os espaços não vão mais ficar como deveriam, os serviços não vão ocorrer da mesma forma e as demandas vão se acumular, causando prejuízo ao ensino e à pesquisa, que sofrerão impactos diretos.
Ainda de acordo com o reitor, todos os esforços estão sendo feitos para a busca de uma solução no Ministério da Educação (MEC) e no Congresso Nacional, mas ainda sem sucesso.
IMPACTO EM 2023
O pró-reitor de Planejamento e Gestão, professor Márcio Machado Ladeira, demonstrou preocupação em relação ao orçamento para o ano de 2023. “Caso essa situação não seja revertida, será menor ainda que o de 2022, o que pode significar o colapso da Instituição. Estaremos lutando o tempo todo para tentar reverter essa situação”, salientou.
O IMPACTO É MAIOR DEVIDO À GRANDE ÁREA DO CAMPUS
Para o vice-reitor, professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, apesar de os cortes terem sido os mesmos para todas as Universidades e Institutos Federais, o problema é mais grave em instituições como a UFLA, que têm uma área de campus grande, além das fazendas e áreas experimentais. “Essa extensão exige maior número de terceirizados para manutenção e bom funcionamento, diferentemente de outras Instituições”, explicou.
Ele destacou que a instituição não recebeu o número de Técnicos Administrativos do Ensino Superior (TAE) pactuado junto ao Ministério da Educação para atender às expansões realizadas, o que representa cerca de 120 servidores a menos que o necessário, exigindo assim a manutenção de um alto número de terceirizados.
A questão tem sido reiteradamente levada aos ministérios da Educação e da Economia, mas não há perspectiva de solução.
O vice-reitor concluiu enfatizando que, a UFLA não consegue desenvolver todas as suas ações, no padrão de qualidade que sempre a caracterizou, sem os terceirizados. “É um momento muito difícil para todos nós, mas estamos atuando nas diferentes esferas do Poder, na tentativa de reverter a situação e reduzir o impacto do corte orçamentário na terceirização e no desenvolvimento das atividades fins da Universidade”, concluiu.