Pesquisadores da USP e da Unicamp identificaram a presença de nitazeno em drogas apreendidas no estado de São Paulo. Com o potencial de ser 40 vezes mais potente que o fentanil, a substância foi encontrada em ervas e comprimidos confiscados entre julho de 2022 e abril de 2023.
O achado foi descrito no estudo “Opioides sintéticos ilícitos no Brasil: A chegada dos nitazenos”, publicado em junho na revista científica Forensic Science International: Reports. O artigo é definido pelos autores como o “primeiro relato consistente de apreensões de nitazeno no Brasil”.
O que é nitazeno?
O nitazeno é um opióide, ou seja, uma droga com um alto efeito analgésico. Atualmente, a substância é identificada como uma “droga k”, por causa do “efeito zumbi” que provoca nos usuários.
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De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o nitazeno foi desenvolvido há aproximadamente 60 anos, como uma alternativa à morfina. Porém, por causa do alto potencial de overdose, a substância nunca chegou a ser liberada para uso, indo diretamente para o mercado ilegal.
Em um artigo publicado no site The Conversation, o professor de Medicina de Emergência da Universidade de Virgínia, nos EUA, Christopher P. Holstege, explica que o nitazeno é de 10 a 40 vezes mais forte que o fentanil, remédio opióide sintético, parecido com a morfina.
“Os pesquisadores têm relativamente pouca informação sobre como o corpo humano reage aos nitazenes porque as drogas nunca passaram por ensaios clínicos. Mas testes de laboratório mostram que certos nitazenes podem ser centenas a milhares de vezes mais potentes do que a morfina e 10 a 40 vezes mais forte que o fentanil”, escreveu.
Ainda segundo Holstege, “o nitazeno apareceu pela primeira vez em 2019 no Centro-Oeste (dos EUA) como uma substância branca em pó semelhante à cocaína. Mais tarde, apareceu nas ruas de Washington, DC, como pós amarelos, marrons e brancos. Desde 2022, a DEA encontrou outros tipos de nitazenos em pó e em comprimidos azuis”.
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