Não é de hoje que o PMMA (polimetilmetacrilato) carrega má fama, mas a substância continua causando complicações graves. Nesta semana, o caso da influenciadora Mariana Michelini, de Matão, no interior de São Paulo, gerou uma nova discussão sobre os riscos do produto em procedimentos estéticos. Ela perdeu parte do lábio superior após uma harmonização facial feita com a substância.
O procedimento foi realizado em 2020 nos lábios, no queixo e nas maçãs do rosto. Seis meses depois, ela acordou com o rosto inchado, vermelho e doendo muito. Após se submeter a uma biópsia, Mariana descobriu que o produto aplicado no procedimento era PMMA, e não ácido hialurônico, como ela imaginava.
O que é PMMA?
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o PMMA é uma substância plástica na forma de gel que normalmente é indicada para corrigir pequenas deformidades ou a perda da gordura facial.
Mas nem a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) nem a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) aprovam o uso do produto para fins estéticos, recomendando, em vez disso, preenchimentos com substâncias reabsorvíveis como o ácido hialurônico.
Os riscos associados ao PMMA podem resultar em complicações graves e de difícil resolução, como:
- formação de nódulos
- deformidades ou enrijecimento da região
- inflamações
- reações alérgicas graves
- AVC
- e até morte.
No Brasil, o uso da substância para preenchimento subcutâneo precisa ser registrado na Anvisa, pois é um produto de uso em saúde da classe IV (máximo risco). Sua venda não é restrita, de modo que profissionais não médicos podem fazer aplicações.
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Caso
“A reação aconteceu em junho de 2021, desde então a minha vida social acabou. Não saio sem máscara, sinto um mix de sentimentos”, relembra Mariana em entrevista exclusiva à Glamour.
Com muitas dores na região e depois de voltar na profissional que realizou o preenchimento, Mariana recorreu a uma consulta com uma dermatologista que receitou um tratamento com antibióticos e corticoides, que não tiveram efeito.
Em consulta com outro dermatologista, ela descobriu os PMMA em seu rosto e mesmo após a tentativa da retirada pontual, a substância começou a migrar para a região do buço.
“Fiquei desesperada quando soube. Via na internet mulheres que morreram com isso”, contou Mariana.
A recomendação médica, então, foi a transferência para um cirurgião plástico, a fim de remover toda a região do lábio superior e do buço.
Agora, Mariana começou o processo de reconstrução da sua boca com um cirurgião especializado em Palhoça (SP). A primeira cirurgia ocorreu em dezembro do ano passado e foi realizada com retalho de Abbé, que utilizando parte do lábio inferior para o preenchimento central do lábio superior. A segunda etapa para recuperação das laterais será feita daqui uns meses, com utilização de tecidos da língua. Serão necessários dois meses para completar essa fase, segundo Mariana.
Todos os profissionais atenderam Mariana de graça e ela contou com a ajuda de campanhas na internet para custear as viagens e hospedagens.
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