O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou, nesta quarta-feira (16), o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda referente ao mês de julho. Os resultados indicam que as famílias com renda alta experimentaram um crescimento inflacionário de 0,50%, enquanto o estrato de renda muito baixa registrou uma deflação de 0,28%.
No acumulado deste ano até julho, as famílias de renda muito baixa ostentam a menor taxa de inflação (2,2%), contrastando com os domicílios de alta renda, que registram a maior variação acumulada (3,5%).
A análise detalhada por grupos revela que os principais alívios inflacionários em julho provieram dos segmentos de alimentos e bebidas, bem como habitação. A queda acentuada nos preços dos alimentos no lar contribuiu significativamente para a descompressão dos índices de inflação, especialmente para famílias de renda mais baixa, devido ao peso desses itens em suas cestas de consumo. As principais reduções de preços incluem: cereais (-2,2%), carnes (-2,1%), aves e ovos (-1,9%) e laticínios (-0,89%). No que tange ao segmento “habitação”, as tarifas de energia elétrica diminuíram 3,7%, beneficiando especialmente os estratos de menor poder aquisitivo.
Impacto da gasolina na inflação
O aumento de 4,8% no preço da gasolina exerceu pressão inflacionária predominante sobre o grupo “transportes”, contribuindo significativamente para a inflação de julho em todas as faixas de renda pesquisadas. Famílias de alta renda também sentiram o impacto, principalmente devido ao aumento proporcionalmente maior dos combustíveis, além dos acréscimos de 4,8% nas passagens aéreas e de 10,1% no aluguel de veículos. Isso anulou os efeitos baixistas da deflação em alimentos e energia elétrica. Essa pressão inflacionária nas faixas de renda mais altas também foi resultado dos aumentos de 0,78% nos planos de saúde e de 0,51% nos serviços de recreação, impactando positivamente os grupos “saúde” e “despesas pessoais”.
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Comparação com julho de 2022
Comparando com julho de 2022, o estudo destaca que, apesar da queda mais acentuada nos preços dos alimentos (0,72% em comparação com a variação de 1,5% em 2022), houve um aumento na inflação para todas as faixas de renda. Esse desempenho menos favorável da inflação atual, em relação ao ano anterior, foi particularmente notável para as faixas de renda mais elevadas, principalmente devido ao contraste entre o aumento de 4,2% nos combustíveis em 2023 e a deflação significativa de 14,2% no mesmo período de 2022 devido à desoneração. Da mesma forma, a redução dos impostos sobre as tarifas de energia elétrica no ano anterior explica a diferença na queda de 5,8% observada em julho de 2022, que foi mais pronunciada do que a queda de 3,9% deste ano.
De acordo com o Ipea, os dados acumulados em 12 meses indicam uma aceleração nas curvas de inflação para todas as classes de renda. Em termos absolutos, as famílias de renda muito baixa apresentam a menor taxa de variação no período (3,4%), enquanto o estrato de renda alta exibe a maior taxa (5,1%). Analisando as contribuições por grupos, a maior pressão inflacionária nos últimos 12 meses está no grupo de “saúde” e “cuidados pessoais”, impactado pelos aumentos de 6,2% nos produtos farmacêuticos, 12,3% nos artigos de higiene e 14,1% nos planos de saúde.
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