De acordo com a pesquisa “Raio X do Investidor”, realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), cerca de 3% da população brasileira ainda opta por guardar o dinheiro que sobra em casa, muitas vezes debaixo do colchão. Essa escolha está relacionada à desconfiança em relação aos bancos e aos investimentos.
Atualmente, estima-se que aproximadamente 6,4 milhões de brasileiros mantenham dinheiro vivo guardado em casa, representando um aumento em relação ao ano anterior, quando a porcentagem era de 2%. Entre as diferentes classes sociais, a prática é mais comum na classe C, com 4% adotando essa estratégia (2% em 2021), seguida pelas classes A, com 3% (2% em 2021), e D/E, com 2% (1% em 2021).
Marcelo Billi, superintendente de educação da Anbima, destaca que, embora o processo de bancarização e inclusão dos brasileiros no mercado financeiro tenha avançado nos últimos anos, ainda existe uma parcela da população que enfrenta dificuldades em interagir com as instituições financeiras e compreender a utilidade delas.
Segundo Billi, especialmente as pessoas das classes C e D/E possuem receios em utilizar os serviços bancários, mesmo quando eles poderiam ser benéficos. Essa é uma questão desafiadora em termos de política pública, pois é necessário superar as barreiras que impedem essa parte da população de receber assistência adequada.
Billi ressalta que, embora o número de pessoas que guardam dinheiro em casa seja pequeno, ele não pode ser ignorado. Muitos indivíduos sentem-se excluídos do universo financeiro e têm dificuldades em compreender os serviços de investimento e a questão da rentabilidade.
No entanto, a tendência futura é diferente. Billi avalia que nos próximos anos, a digitalização de todos os serviços bancários e financeiros será impulsionada, incluindo a bancarização dessa parcela da população que ainda mantém dinheiro guardado em casa.
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Esse movimento será impulsionado principalmente pela digitalização dos benefícios sociais e dos serviços oferecidos pelo governo federal, além do barateamento dos smartphones, o que ampliará o acesso a telefones celulares pelas classes sociais mais baixas. À medida que essas tecnologias se popularizarem cada vez mais, a tendência natural é que as pessoas se familiarizem com elas e percam o receio anteriormente mencionado.
Dessa forma, a expectativa é que, no futuro, a prática de guardar dinheiro em casa seja substituída por uma maior adesão aos serviços bancários e financeiros digitais, proporcionando uma inclusão financeira mais ampla para toda a população.
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