14 de dezembro de 2024
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Vale a pena ficar em banco digital sem rendimento na conta corrente?

O caso mais recente é o do Nubank, que tirou a rentabilidade diária da conta corrente sobre valores recebidos há menos de um mês

  
O rendimento do saldo de contas digitais foi um recurso de atração de clientes para fintechs por muitos anos. Com a alta da Selic, taxa básica de juros, esse benefício ficou mais caro para as empresas, que reduziram a rentabilidade ou mudaram o prazo de pagamento de juros.   

O caso mais recente é o do Nubank, que tirou a rentabilidade diária da conta corrente sobre valores recebidos há menos de um mês. A mudança é gradual – começou em julho e vai até setembro.

Segundo o Nubank, o saldo na conta corrente passará a render 100% do CDI apenas a partir do 30.º dia de aplicação, de forma retroativa, mas sem ganhos antes desse período. Ou seja, se o cliente tem salário de R$ 1.300 e o saldo em conta ao fim do mês for de R$ 50, o rendimento pago será apenas sobre o saldo remanescente, e não mais sobre o total em conta a cada dia. O anúncio foi feito junto com uma reformulação da interface do aplicativo que visa melhorar o equilíbrio financeiro do usuário.  

 

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Ao longo dos anos, o Nubank criou novos negócios e recursos para fidelizar os clientes, como cartão de crédito com cashback (dinheiro de volta), integração com produtos financeiros da corretora NuInvest e a oportunidade de investir em criptomoedas

Com a escassez de capital de risco no mundo, devido à alta na taxa de juros, as fintechs e empresas financeiras que prometem crescimento exponencial aos investidores precisaram reduzir o ritmo de crescimento e rever estratégias, dando nova oportunidade aos bancos tradicionais na gestão de ativos cotidianos do consumidor.

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O PicPay, por exemplo, já chegou a oferecer rendimento de 210% do CDI, ou seja, mais de duas vezes o que rende uma aplicação no Tesouro Direto ancorado na taxa Selic. Hoje, depois de um salto da Selic dos 2% aos 13,25% ao ano, a rentabilidade oferecida, com liquidez, é de 102%. O rendimento deixou de ser diário e passou a ser depositado ao longo do primeiro mês de aplicação.  

O dinheiro do usuário agora é alocado em um CDB (Certificado de Depósito Bancário), um título de renda fixa privada, e conta com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com limite de cobertura de R$ 250 mil por pessoa.

Além do rendimento em aplicações, o PicPay, que pertence ao Grupo J&F, oferece parcelamento de contas, seguros, empréstimos solicitados pelo celular e parcelamentos de transferências via Pix.  

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Nesta semana, a empresa adicionou o Magazine Luiza ao rol de varejistas que têm o benefício de cashback para as compras dos usuários. Fora isso, o PicPay foi além do varejo e diversificou negócios ao passar a controlar o Banco Original do Agronegócio, que mudou de nome para PicPay Bank, com estimados R$ 7 bilhões em depósitos.

Segundo a educadora financeira Lai Santiago, as mudanças nas taxas e prazos de rentabilidade de investimentos com liquidez são corriqueiras, mas chamam a atenção agora porque os brasileiros estão mais atentos às finanças.

No caso do Nubank, a especialista diz que o intervalo para a rentabilidade do saldo pode ser uma forma de estimular o brasileiro a manter o dinheiro investido por mais tempo, ao mesmo tempo em que supre necessidades de orçamento da empresa.

“Não vale a pena ficar sempre buscando as melhores remunerações. As contas digitais continuam a valer a pena, mesmo no caso do Nubank. Buscar a melhor rentabilidade faz o consumidor ficar pulando de galho em galho e os custos de imposto e IOF do primeiro mês podem acabar anulando os rendimentos da aplicação”, diz Santiago.

Para Thalles Franco, sócio do fundo de investimentos RPS Capital, a mudança no rendimento oferecido aos usuários é um dos reflexos da pressão por rentabilidade que startups e instituições financeiras novas recebem dos investidores. Com a redução da oferta de capital de risco, algumas empresas podem ficar pelo caminho e aquisições por gigantes do mercado podem ocorrer em breve, afetando todo o setor.

“Devemos ver uma consolidação das fintechs nos próximos anos, porque algumas terão dificuldade de sobreviver. As empresas grandes devem comprar as pequenas, mas também podemos ver grandes fusões”, afirma.

Atrativos

Nem todas as novas entrantes do segmento financeiro adotaram a rentabilidade em suas contas como atrativo. Fundado em 2018, o C6 Bank apostou em produtos como cartões de crédito personalizados e um selo para pagamento de pedágios via débito, sem mensalidade.  

Hoje, a empresa, que teve 40% do negócio comprado pelo banco JPMorgan Chase em fevereiro, também comercializa seguros, como plano odontológico em parceria com a Sulamérica, e tem outros produtos financeiros, como contas em dólar e em euro. No total, são cerca de 60 produtos.

Luiz Marcelo Calicchio, sócio-fundador do C6 Bank, afirma que a empresa nunca foi uma fintech, e sim um banco múltiplo criado com capital vindo dos fundadores, egressos do BTG Pactual.  

“Como nenhum banco nunca ganhou dinheiro só com atração de novos clientes e, sim, com penetração de produtos e concessão de crédito, o C6 Bank, desde o início, saiu construindo um portfólio amplo de produtos, porque a gente sempre soube que não tinha bala de prata”, diz. 

Calicchio afirma ainda que o C6 Bank está bem capitalizado e não tem nenhum novo investimento no horizonte.  

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