13 de dezembro de 2024
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Carnaval de rua de SP tem queda de quase 25% em blocos e desfiles

Número de desfiles autorizados é de 511, uma queda de 24,6% em comparação ao evento de 2020, que foi de 678, o maior da histórica da cidade

 

O carnaval de rua na cidade de São Paulo terá menos opções em 2023. São 511 desfiles de blocos autorizados, queda de 24,6% em comparação com 2020, o último antes da pandemia de Covid-19, que teve 678 e foi o maior da história da cidade, após anos de crescimento ininterruptos. A crise do setor cultural, a pandemia, o custo e os atrasos na organização da gestão Ricardo Nunes (MDB) são algumas das causas apontadas pelos especialistas e organizadores dos eventos.

Nesta quarta-feira (1º), um conjunto das organizações que representam a maioria dos desfiles divulgou um manifesto afirmando que o cenário é de abandono e criticou também a falta de informações sobre “questões fundamentais” da execução, como horários, trajetos e outros pontos.  

 

 

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A Prefeitura diz manter diálogo aberto com os blocos. A programação de 2023 está concentrada nos dias 11 e 12 (pré-carnaval), 18, 19, 20 e 21 (carnaval) e 25 e 26 (pós-carnaval). Mesmo com as reduções, a festa continuará como uma dos maiores do País, com um número de desfiles semelhante ao de 2019 (490) e 35 megablocos, com artistas como Daniela Mercury, Pabllo Vittar e Maria Rita. Ao menos 154 desfiles foram cancelados até a quarta-feira e novas alterações podem ocorrer até segunda. 

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ENFRAQUECIMENTO  

Para José Cury, coordenador do Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval São Paulo, que reúne cerca de 200 agremiações, a redução é relacionada ao impacto econômico e social da pandemia, entre outros motivos. Os anos sem os desfiles oficiais enfraqueceram parte dos apoiadores e das agremiações, que por vezes desfilam com recursos próprios ou angariados em festas e venda de camisetas e afins. “Quem conseguiu vai estar na rua e fazer ‘na raça’ mesmo. Quem desanimou tem vários motivos”, diz. Mesmo com a redução, Cury afirma que o carnaval paulistano será uma grande celebração após anos sem folia oficial. “Vai ocupar a cidade toda, a retomada será maravilhosa.” 

Ele ressalta que as condições de megablocos com artistas de repercussão nacional são distintas da maioria dos grupos e ficou mais caro garantir uma infraestrutura que comporte o evento. “Está R$ 14 mil um caminhão de som, que faz a vida de um bloco pequeno ou médio. Um trio elétrico razoável é de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Um grande é de R$ 30 mil a R$ 50 mil.” As datas de inscrição e autorização dos blocos também são motivos apontados por diferentes organizações. O cadastro para 2023 foi aberto em novembro, dois meses mais tarde do que o de 2020, por exemplo, e vetou a inscrição de novas agremiações nas quatro subprefeituras com maior número de desfiles nos últimos anos: Sé, Vila Mariana, Pinheiros e Lapa.

Blocos ouvidos pelo Estadão afirmam que precisam de três a quatro meses para a organização dos desfiles, desde a contratação de fornecedores e mão de obra à captação de recursos, principalmente no caso de patrocínios. O suporte municipal envolve questões mais gerais da cidade, como o bloqueio de vias e a disponibilização de banheiros químicos, enquanto a realização das apresentações em si é de responsabilidade dos blocos. 

“O cadastro foi aberto tardiamente. O tempo para organizar é muito curto”, diz Humberto Meratti, fundador do Psytrance Somos Nozes e Astronauta do Psytrance e um dos idealizadores da União dos Blocos de Música Eletrônica da Cidade de São Paulo (TremeSP) “O carnaval de rua neste ano caiu drasticamente por falta de organização e tempo hábil”, avalia. 

Três dos seis blocos da TremeSP não desfilarão neste carnaval. Já o estreante Bloco CTN – Centro de Tradições Nordestinas não vai sair. O custo e a infraestrutura necessária estão entre os motivos. “O CTN já conta com boa parte dessa infraestrutura em seu espaço, com um custo muito menor”, aponta Fabiana Karan, diretora de Novos Negócios e Expansão do espaço. “Muitas pessoas acreditam que os custos para um bloco de rua são baixos, mas não são.” 

Um dos mais tradicionais blocos da cidade, o Tarado Ni Você também não está na programação oficial do carnaval de rua. A agremiação perdeu o prazo de inscrições. 

DESARTICULAÇÃO 

Outro ponto criticado no meio é a demora na liberação dos recursos de uma premiação lançada no ano passado, de R$ 14 mil para até 300 blocos, a qual poderia ajudar no financiamento dos desfiles de médio e pequeno porte. Além disso, parte das agremiações avalia que não houve diálogo com o Município – o que a Secretaria Municipal de Cultura nega. 

Em nota, a Prefeitura disse que os pagamentos da premiação (que totaliza cerca de R$ 4 milhões) serão feitos neste mês. Segundo a gestão, a demora se deve a um erro no sistema de inscrição. 

Pesquisador de carnaval e doutorando em Sociologia na USP, Vinicius Ribeiro Teixeira também destaca que grande parte dos realizadores dos blocos é do setor cultural, que entrou em crise econômica na pandemia de covid-19. Além disso, os encontros e os ensaios abertos tiveram de ser suspensos por mais de um ano, afastando parte dos que se envolviam na preparação. “A pandemia desarticulou bastante. O carnaval precisa de corpo presente.” (Com informações da Agência Estado) 

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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