13 de dezembro de 2024
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Pesquisa traz nova teoria sobre a origem de Stonehenge

Estudo da Universidade de Salford em Manchester, no Reino Unido, relaciona as propriedades acústicas do monumento com o seu propósito

Um estudo em andamento busca entender a relação das propriedades acústicas de Stonehenge com seu propósito. O monumento é o círculo de pedras mais conhecido e arquitetonicamente mais sofisticado do mundo antigo, construído sobre um morro coberto de grama na zona rural de Wiltshire, no sudoeste da Inglaterra. Porém, os arqueólogos ainda não sabem quem o construiu, nem para o que ele era utilizado.

Na Universidade de Salford em Manchester, no Reino Unido, há uma réplica em miniatura de Stonehenge. Apesar de não ser aberta à visitação pública, ela poderia oferecer aos milhões de pessoas que visitam o local verdadeiro, todos os anos, uma melhor compreensão da imponente estrutura de pedras cobertas com liquens, construída há cerca de 5 mil anos.

“Sabemos que a acústica dos lugares influencia a forma como eles são utilizados. Por isso, compreender os sons de um local pré-histórico é uma parte importante da arqueologia”, afirma o professor e pesquisador de acústica Trevor Cox, da universidade. 

 

 

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Algumas teorias sugerem que o monumento era usado como cemitério, local de cura ou até como calendário celestial, já que os espaços no anel de pedras externo estão em perfeito alinhamento com o solstício de verão e de inverno. Mas, conforme o tempo passa, o imenso monumento permanece um mistério.

“Estamos gradualmente descobrindo cada vez mais sobre ele, mas achamos que nunca conseguiremos descobrir algumas coisas”, afirma Susan Martindale, gerente voluntária da organização English Heritage, responsável pela administração de Stonehenge. Ela explica que não é possível entender por que as pessoas começaram a construí-lo, e os motivos que as levaram a continuar trabalhando nele podem muito bem ter mudado ao longo dos séculos que levou sua construção.

Mas, graças aos estudos recentes de Cox, ficamos conhecendo detalhes fascinantes sobre um dos locais mais enigmáticos do mundo. Stonehenge serviu de câmara de eco gigante, amplificando os sons gerados dentro do círculo para as pessoas que ficavam dentro dele e obstruindo os ruídos dos que ficavam fora do círculo.

Esta descoberta fez com que algumas pessoas imaginassem se o monumento realmente foi construído como local de rituais para um pequeno grupo de elite. No entanto, este avanço levou uma década para ser feito. Ao pesquisar “as maravilhas sônicas do mundo”, 10 anos atrás, Cox começou a ponderar se o estudo das propriedades acústicas de Stonehenge poderia ajudar a desvendar alguns dos seus segredos.

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“Percebi que havia uma técnica na acústica que nunca havia sido aplicada antes aos locais pré-históricos, que era a modelagem em escala acústica”, ele conta. “Sou o primeiro a fazer um modelo em escala de Stonehenge ou de qualquer outro local de pedra da pré-história.”  

A RÉPLICA DE STONEHENGE

Cox decidiu criar uma réplica em escala 1:12 que pudesse ser testada no interior da câmara semianecoica da universidade uma sala quase à prova de som, que absorve virtualmente todos os ruídos graças à espuma geométrica que recobre toda a superfície, exceto o piso. Para criá-la, ele recebeu inicialmente um modelo de computador da English Heritage, que permitiu compreender melhor a aparência de Stonehenge na sua configuração completa, cerca de 4 mil anos atrás.

“Se você visitar Stonehenge hoje em dia, é um local magnífico, mas muitas das pedras estão faltando ou caíram no solo”, explica ele. “Esta [configuração] é uma disposição específica. Na verdade, desde cerca de 2 mil a.C. até agora, ele mudou muito por cerca de um milênio.”

Ao todo, o processo de criação de 157 pedras com impressão 3D e técnicas de modelagem levou cerca de seis meses para ficar pronto. Cox relembra que, nesse período, o piso da sua sala de jantar ficou coberto de peças e pedaços do projeto, em um esforço incansável para conseguir a qualidade das pedras reais em escala.

Quando as pedras foram pintadas de cinza e dispostas na distribuição correta segundo o modelo de computador, começaram os desafios do processo de teste. Para realizar cada teste, Cox e sua equipe colocaram os alto-falantes em volta das pedras e executaram as diversas frequências que eles tinham interesse em medir.

Os microfones da sala coletavam os dados sobre a forma em que as pedras afetavam o som. E, com processamento matemático, Cox conseguiu criar um modelo por computador que simula as propriedades acústicas de Stonehenge e pode distorcer as vozes ou a música para dar uma ideia de como elas teriam soado dentro do círculo.

O resultado foi uma surpresa. Embora Stonehenge não tenha piso nem teto, o som ricocheteia entre os espaços nas pedras e permanece dentro do círculo. Em acústica, este fenômeno é conhecido como reverberação. “Sabemos que a música é aprimorada pela reverberação e, por isso, imaginamos que, se fosse executada música, ela simplesmente soaria um pouco mais poderosa e impactante dentro do círculo”, explica Cox.

Uma das descobertas mais notáveis da pesquisa de Cox é o efeito das pedras sobre a direcionalidade da voz.

Em um ambiente aberto natural, como o morro coberto de grama onde Stonehenge foi construído, uma pessoa falando de costas para o ouvinte só seria compreendida cerca de um terço do tempo. Mas os reflexos das pedras de Stonehenge teriam amplificado a voz em quatro decibéis, aumentando o índice de sentenças compreendidas para 100%.

*Com informações da BBC Travel
 

 

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Vitória Silva
Repórter no ACidade ON Campinas. Formada em Jornalismo pela Unesp, tem passagem pelos portais Tudo EP e DCI, experiência em gravação e edição de vídeos, produção sonora e redação de textos, com maior afinidade com temas que envolvem cultura e comportamento.
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