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100 anos de sonhosLegado centenário: José Bonifácio Coutinho Nogueira e sua influência na política, educação e televisão

Legado centenário: José Bonifácio Coutinho Nogueira e sua influência na política, educação e televisão

Nesta semana, o acidade on irá publicar um pouco sobre o legado que o empresário José Bonifácio Coutinho Nogueira deixou para o Estado de São Paulo e principalmente para o país em suas mais diferentes vertentes

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Empresário que ajudou a escrever as histórias política e empresarial do Estado de São Paulo e do Sul de Minas Gerais, além de ser considerado o pioneiro da expansão da televisão no Interior do Estado, José Bonifácio Coutinho Nogueira, que morreu aos 78 anos no ano de 2002, completaria 100 anos no dia 3 de dezembro.

Fundador da EPTV – Emissoras Pioneiras de Televisão – que hoje se transformou no conglomerado de comunicação brasileiro chamado de Grupo EP (sigla para Empresas Pioneiras), será sempre lembrado pelos princípios éticos e ideais à frente de seu tempo.

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Nascido em 3 de dezembro de 1923 em São Paulo, cresceu em uma casa de janelas abertas para o mundo onde se respirava o exercício da cidadania. Sua mãe, dona Regina Coutinho Nogueira, era neta do ex-presidente da república, Campos Sales. O pai, Paulo Nogueira Filho, era empresário e foi deputado federal constituinte que sempre lutou por ideais comunitários. O único irmão, Paulo Nogueira Neto, trocou o Direito pela Ecologia e obteve respeito internacional como defensor do meio ambiente.

Os primeiros passos


José Bonifácio se formou em Direito na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco, como era então conhecida a faculdade que viria a ser incorporada à USP (Universidade de São Paulo). Lá, iniciou sua militância na política estudantil. Em 1946 foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), justamente no momento em que se posicionou contra a ditadura do Estado Novo, imposta pelo presidente Getúlio Vargas. Formou-se advogado pela faculdade de direito na turma de 1947.

Em 1958, a convite do então governador Carvalho Pinto, José Bonifácio assumiu a Secretaria de Agricultura do Estado. Deu sua contribuição efetiva à reforma agrária como Secretário da Agricultura com o Programa Revisão Agrária, método para incentivar agricultores a preservarem a terra.

Ainda em sua gestão, criou a Ceasa de São Paulo que viria a se juntar a Companhia de Armazéns Gerais do estado de São Paulo formando a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), que funciona como um centro de abastecimento atacadista até os dias de hoje.

A veia política ficou mais latente em 1962, quando entrou na disputa pelo governo de São Paulo na sucessão de Carvalho Pinto, de quem obteve apoio. Ele ficou em terceiro lugar na disputa que elegeu Adhemar de Barros.

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Em 1964, integrou o Conselho Nacional de Economia da Presidência da República. Em sua vasta agenda de atividades, incluiu ainda a direção do banco Comercial do Estado de São Paulo – um dos mais tradicionais estabelecimentos bancários no cenário nacional do século passado.

Paulistano histórico com raízes familiares fincadas também em Baependi, no Sul de Minas Gerais, José Bonifácio sempre acreditou no trabalho duro e com seriedade que resultou em empresas sólidas – foco herdado de seu avô com quem trabalhava ainda na juventude. Foi também presidente da mais antiga usina açucareira do Interior de São Paulo e a segunda mais velha do Brasil – a centenária Usina Ester de Cosmópolis.

TV Cultura

José Bonifácio foi um dos responsáveis pela mudança do conceito de educação do Brasil quando instalou uma das primeiras TVs Educativa do país – a TV Cultura. Foi presidente da Fundação Padre Anchieta no período de 1969 a 1972.

Presença marcante


Em 1975, foi nomeado Secretário de Educação do Estado de São Paulo, na gestão do governador Paulo Egydio Martins. Bonifácio foi um ferrenho defensor da educação voltada para o mercado de trabalho, em harmonia com o desenvolvimento de novas tecnologias.

Em 1976, ainda na gestão como secretário estadual da Educação, os Institutos Isolados de Ensino Superior foram transformados em universidade. Foi assim que nasceu a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), uma autarquia submetida ao governo estadual. Era a terceira universidade pública do Estado de São Paulo, que já contava com a Universidade de São Paulo (USP), implantada em 1934, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), criada em 1966.

Durante um período acumulou também a pasta de Cultura, Ciência e Tecnologia.
José Bonifácio presidiu também o Grupo Anhumas, o Galleria Shopping de Campinas, a Cooperativa dos Cafeicultores de Campinas, o Conselho Nacional de Propaganda, a Comissão Coordenadora de Criação do Cavalo Nacional do Ministério da Agricultura, o Conselho de Educadores da Escola de Pais do Brasil e a Fundação Crespi-Prado. Também foi presidente do Jockey de São Paulo, já que nutria uma paixão por cavalos.

Humanista, tinha também uma forte ligação com as artes plásticas. Integrou o Conselho Curador do Museu Lasar Segall, em São Paulo. Foi amigo e advogado do artista plástico Cândido Portinari e promoveu históricas exposições de suas obras em Campinas e Ribeirão Preto. Publicou os poemas do artista em edição especial e produziu dois documentários sobre o pintor.

Família como centro de seu mundo

A família sempre foi eixo do mundo de José Bonifácio. Casado com dona Maria Thereza Coutinho Nogueira, teve seis filhos e 19 netos.

Com o trabalho em conjunto de seus filhos, José Bonifácio Filho e Antonio Carlos Coutinho Nogueira, a televisão tornou-se um dos seus grandes empreendimentos. Empresário que acreditou no potencial do Interior do país deixou a política no momento em que ganhou a concessão de uma rede de televisão.

Um pioneiro que investiu no meio de comunicação como veículo de prestação de serviço à comunidade.

“A televisão é outra forma diferente de se comunicar com o público. São maneiras diferentes, mas dentro da mesma vocação. Foi aí que me acostumei com a ideia porque acho inteiramente incompatível. Acho que não posso ter um veículo que divulgue e que seja isento comigo presente. No fim, o veículo acaba se tornando um cabo eleitoral e perde toda credibilidade”, afirmou durante uma entrevista à EPTV em 1997 quando falou sobre os temas: política e televisão.

Quando implantou a EPTV, a televisão já era paixão antiga.

“Nós entendemos que o Interior de São Paulo era um Estado. É muito mais do que se achava. A ideia do Interior pobre era a ideia dos mal-informados. Nós vimos que o Brasil que funciona está aqui. Então vamos nos estabelecer como grupo nessa área do Interior, e com isso foi abrindo oportunidade e a gente foi aproveitando aqui (Campinas), depois Ribeirão, São Carlos e Varginha”, disse.

Em 1979, fundou a EPTV (Emissoras Pioneiras de Televisão), afiliada à Rede Globo. Em 1980, a EPTV Ribeirão. Em 1988, a EPTV Sul de Minas. E, em 1989, a EPTV Central.

Em entrevista, Bonifácio lembrou de como foram iniciadas as conversar para ser afiliada à TV Globo.

“Entramos no edital de concorrência convencidos de que tínhamos chances. No edital, havia uma cláusula que precisava ter experiência em televisão. Em Campinas, eu tinha por que havia passado quatro anos na Cultura. Fizemos o prédio e procuramos acertar uma rede e as coisas foram resolvidas porque o astral da televisão é alto. Um dia fui convidado para um almoço no Canal 2, que prestava homenagem ao Roberto Marinho por causa de um programa infantil que a Globo passava, que era a Vila Césamo. Sentei-me próximo a Roberto e contei como estava uma conversa com a Globo, porque já tinha uma concessão para o canal. Contei a história ao Roberto e ele me pediu para ir ao Rio de Janeiro para conversar. A partir daí, deu o entendimento para ficar com eles. Naquele tempo não havia disputa para ficar com TVs no Interior, o mercado não entendia assim. Mas mérito nosso que vimos o potencial aqui, que iria crescer e se tornar o que se tornou”, disse em entrevista.

Sobre o início da EPTV, Bonifácio lembra como foi vencer o desafio. “Quando fui convidado para a TV Cultura, entrei em algo que já havia sido decidido pelo governo. O meu compromisso era de em um ano, em 15 meses, colocar no ar. Era um compromisso de executivo que, modéstia à parte, achei que tinha condições de executar. Aqui, era entrar em um mercado que não existia, com uma televisão que não tinha programação, apenas com o achar que a televisão iria dar certo para o Interior. Daí, foi uma emoção muito maior. Porque estava jogando uma lição de cunho pessoal. Perdi noites sem dormir. Imagina um prédio desse tamanho e sem programação. Fomos trabalhando e deu certo. Mas, foi uma realização pessoal”.

Em 2009, a Editora Terra da Gente publicou um livro de memórias de José Bonifácio Coutinho Nogueira, “O Diário de JB”. A jornalista e autora, Rosana Zaidan, organizou dezenas de cadernos onde, ao longo de 78 anos, JB registrou meticulosamente seus pensamentos.

O livro é a concretização de um desejo do próprio empresário de compartilhar uma trajetória, repleta de reflexões sobre a vida social, política e econômica, bem como realizações pessoais.
Bonifácio morreu em São Paulo, no dia 9 de janeiro de 2002, aos 78 anos, no hospital Albert Einstein, de insuficiência hepática.

Nesta semana, o acidade on irá publicar um pouco sobre o legado que o empresário José Bonifácio Coutinho Nogueira deixou para o Estado de São Paulo e principalmente para o país em suas mais diferentes vertentes. Os conteúdos serão publicados nesta página especial, criada em memória de seus 100 anos.

Na segunda-feira (4), uma matéria especial vai trazer o legado de JB na esfera política. Na terça-feira (5), o conteúdo vai abordar todos os feitos de Bonifácio na Educação do Estado que refletiu no país.

Já, na quarta-feira (6), vamos trazer um pouco do empresário da comunicação que fundou a TV Cultura, uma das primeiras TV educativas do país e também iniciou a criação do Grupo EP com a fundação da EPTV.

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