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CotidianoApós um mês, Bombeiro e testemunha relembram tragédia em Araraquara

Após um mês, Bombeiro e testemunha relembram tragédia em Araraquara

No dia 28 de dezembro, o carro em que a família estava foi ‘engolido’ por uma cratera que se abriu em plena Avenida 36

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O dia 28 de dezembro ainda está na memória do comerciante José Ademir Ribas, de 68 anos. De uma grade ao lado da vegetação, ele acompanhou de perto as buscas pelas vítimas da tragédia que matou seis pessoas da mesma família, em Araraquara.

 

 

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O comerciante é dono de uma tapeçaria que fica na Avenida Padre Francisco Salles Culturato (Av. 36), no Jardim dos Manacás. Ele soube do que aconteceu ao se deparar com a enorme cratera que se abriu em uma das mais importantes vias da cidade.

 

“Quando eu cheguei aqui, tinha uma viatura da Guarda Civil Municipal. Logo, eu vi aquele buracão e me assustei bastante. Eu fiquei bem triste, na hora me deu até um choque. Sem dúvida, fiquei muito abalado”, contou.

Às 7h da manhã, quando chegou para trabalhar, o comerciante não imaginava que aquela quarta-feira só terminaria nove dias depois, quando o último corpo fosse localizado. 

 

Um mês após acidente, veículo ainda está às margens do Ribeirão das Cruzes (Foto: Amanda Rocha)
Um mês após acidente, veículo ainda está às margens do Ribeirão das Cruzes (Foto: Amanda Rocha)

 

Abalado, ele acompanhou de perto a agonia de cada dia de buscas. “Eu participei do começo até o fim do resgate dos corpos. Então, cada vez mais eu ficava chocado. E eu, como pai, pensava bastante, como o pai daquela menina estaria. É uma coisa muito difícil”, disse.

Naquele dia, Araraquara registrou 200 milímetros de chuva em 24 horas, sendo 160 milímetros em apenas seis horas. 

A força da água fez com que a cratera se abrisse e o carro em que a família estava fosse arrastado pelo Ribeirão das Cruzes. Um mês depois, o veículo ainda permanece no mesmo lugar – a aproximadamente 50 metros do local do acidente e amarrado com corda em uma árvore.

 

Comerciante José Ademir Ribas relembrou tristeza e choque com tragédia (Foto: Amanda Rocha)
Comerciante José Ademir Ribas relembrou tristeza e choque com tragédia (Foto: Amanda Rocha)

 

O capitão do Corpo de Bombeiros, Fernando Camargo, lembrou que várias situações dificultaram o início das buscas. O primeiro obstáculo foi confirmar que o carro de fato tinha sido arrastado.

“A gente não conseguia visualizar pelo volume de água, pelas circunstâncias do local, foi à noite. Então, só no dia seguinte, através de um drone, que a gente localizou o veículo”, contou.

Na quinta-feira, dia 29 de dezembro, o Corpo de Bombeiros encontrou Grace Santos Leite, 52, e os filhos dela, o casal de gêmeos Luisa Santos Leite e Piero Santos Leite, 15, a poucos metros do local do acidente. Maria Helena Leite Ferreira Luiz, 61, e o marido, Paulo Affonso Ferreira Luiz, de 68 anos, foram localizados próximos à represa da Fazenda Salto Grande. 

Já a sexta vítima do acidente permaneceu desaparecida. 

“O local era desgastante, com área bem grande. Então, a gente chegou a percorrer nestes nove dias de busca, 11 km com pessoal a pé, em barco, com o apoio do helicóptero Águia da Polícia Militar, do Canil. Mas era um local de difícil acesso”, justificou.

 

Capitão do Corpo de Bombeiros, Fernando Camargo, relembrou dificuldades para resgate (Foto: Amanda Rocha)
Capitão do Corpo de Bombeiros, Fernando Camargo, relembrou dificuldades para resgate (Foto: Amanda Rocha)

 

A chuva que castigou a cidade naquele dia insistia em cair e a provocar estragos na cidade. O nível elevado do ribeirão também dificultava o trabalho de buscas.

“Era bastante arriscado trabalhar com bote, com os bombeiros dentro d’água porque o volume estava bem grande”, explicou o capitão.

Diante da comoção social, as buscas foram mantidas, já que o protocolo do próprio Corpo de Bombeiros, baseado na Marinha, preconiza um tempo inferior para uma ocorrência desta natureza.  

“Fizemos a solicitação [ao comando], que foi atendida. A gente prosseguiu a busca e não interrompeu na data que protocolarmente deveria ser interrompida. E tivemos o êxito de encontrar todas as vítimas deste acidente”, explicou Camargo.

 

Buscas feitas pelo Corpo de Bombeiros duraram nove dias em Araraquara (Foto: Divulgação)
Buscas feitas pelo Corpo de Bombeiros duraram nove dias em Araraquara (Foto: Divulgação)

 

 

Após nove dias, o corpo de Gabriela Leite, de 10 anos, foi localizado próximo ao local onde as demais vítimas da tragédia também foram encontradas ainda no perímetro urbano.

Para o capitão do Corpo de Bombeiros, mesmo fazendo parte da profissão, situações como esta abalam a corporação.

 

“A gente já passou por muitos casos. Foi uma ocorrência atípica, mas que já faz parte da nossa carreira. Com certeza, acaba abalando, principalmente, porque nós tivemos dois jovens e uma criança. A maioria dos bombeiros tem filho e não é algo costumeiro de a gente trabalhar”, destacou.

 

Corpo de Bombeiros localizou criança em área de difícil acesso (Fotos: Walter Strozzi/ acidade on)
Corpo de Bombeiros localizou criança em área de difícil acesso (Fotos: Walter Strozzi/ acidade on)

 

RECONSTRUÇÃO
Passado um mês da tragédia, a Avenida 36 continua interditada. Em situação de emergência, a prefeitura de Araraquara irá receber R$ 4,7 milhões do governo do estado de São Paulo para recuperar o local em até 180 dias. A empresa que irá realizar a obra aguarda apenas a assinatura da ordem de serviço para iniciar o trabalho. 

 

Máquinas estão no local aguardando assinatura de contrato para início das obras (Foto: Amanda Rocha)
Máquinas estão no local aguardando assinatura de contrato para início das obras (Foto: Amanda Rocha)

 

Há 35 anos trabalhando no mesmo ponto, José Ademir se entristece ao lembrar do que aconteceu e das consequências que ainda persistem por ali.

“Em uma via movimentada, como é a Av. 36, quem imaginaria, de repente, ficar sem acesso de um lado a outro, ficar preso, parece uma rua sem saída. A gente sente bastante, parece que estamos em outro lugar”, disse.

 

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