O sonho da casa própria vem rendendo dor de cabeça para moradores do Jardim Ipanema, na região Norte de Araraquara. Por o bairro ser novo, as crianças sofrem com ausência de transporte escolar e a situação vem tirando o “sono” dos pais e responsáveis.
É o caso da desempregada Danielle Barbosa de Brito, que se mudou para o Ipanema em julho do ano passado. A casa dela fica a cerca de dois quilômetros da escola da filha e o bairro não conta com transporte da Prefeitura Sem ninguém para levar, ela teve que deixar o trabalho.
“Tive que me organizar com ela, tentando babá, transporte, fiquei uma semana correndo atrás de lugares para ver se conseguia o mais rápido possível, antes de começar as escolas. Aí voltou, deram uma carona, mas não conseguia até o fim da semana e tive que largar”, disse.
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Mas, se engana quem pensa que a situação é exclusiva de Danielle. Outras mães enfrentam o mesmo problema na região. A desempregada Cristiana Aparecida da Silva Alves tem cinco filhos matriculados na escola e também precisou parar de trabalhar para levá-los.
“Todos necessitam do ônibus, os menores precisa levar, subo com três crianças pequenas para deixar duas em uma escola e descer para deixar o outro em outra escola. Não é frescura, estamos em um bairro novo, mas necessitamos do ônibus. É nosso direito”, relatou.
Na visão da auxiliar administrativa Gislaine Cristina Fidenis, o sonho de morar na casa própria está virando um pesadelo, uma vez que o bairro é distante de praticamente tudo e a única escola que conseguiu matricular o filho está localizada a quase cinco quilômetros do bairro.
“Estou levando todo dia de manhã. Como estou em home office, tenho essa facilidade de parar. Mas, muitas mães aqui não conseguem. Ontem mesmo parei e ofereci ajuda para uma mãe para levar também, mas infelizmente não tem o transporte e tenho que levar até lá, porque não tem vaga nas escolas mais próximas também”, afirmou.
A funcionária pública Renata Alves de Oliveira tem dois filhos na escola, um de 2 anos e outro de 6. Porém, não existe transporte escolar para alunos de creche. O mais velho teria direito, mas como o bairro não é atendido, ela foi orientada a enviar o filho no ônibus de linha.
“Não tem condição deixar meu filho no ponto de ônibus com 6 anos e esperar que ele pegue, pare a três quarteirões da escola – onde fica o ponto próximo do CAIC -, ande até lá, entre na escola e depois no horário de saída faça o mesmo percurso”, introduziu.
Com a situação, o marido precisou mudar o horário no trabalho para levar os filhos para a escola. “Ele trabalhava durante o dia e teve que mudar para a noite para poder levar os filhos para a escola e eles não perderem o ano letivo novamente”, desabafou Renata Alves de Oliveira.
O grupo foi até a Prefeitura, conversou com assistentes sociais, mas até agora nada foi resolvido. O abaixo-assinado que fizeram neste ano tem quase 30 assinaturas e pretende demonstrar que o problema enfrentado não é pontual e sem solução.
“Espero que resolvam o mais rápido possível, porque para quem está desempregado e precisa trabalhar, precisamos resolver isso. Não só eu, mas todas as mães do bairro”, disse Danielle.
“Gostaria muito, porque é direito dos meus filhos, eu quero que eles tenham o transporte para terem acesso à educação. O transporte e a educação, ninguém está pedindo nada de mais, só estamos exigindo que se cumpra o direito das crianças”, completou Renata Alves de Oliveira.
A Prefeitura disse que as linhas de transporte coletivo foram readequadas para atender aos estudantes do novo bairro que recebe passe escolar. O caso vai ser reavaliado para saber se há necessidade de ampliar os horários. Sobre o pedido de transporte escolar fretado, a secretaria de Governo vai fazer uma reunião com a comissão de mães para buscar uma solução.
*Com informações da EPTV Central
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