As cores do arco-íris coloriram o Parque Infantil, no Centro de Araraquara, neste domingo (27). Após dois anos, a cidade voltou a realizar a Parada do Orgulho LGBTQIA+, que chegou a 13ª edição.
Além de uma festa, em uma espécie de carnaval fora de época, a parada também reforçou bandeiras importantes, como a de políticas públicas inclusivas, que combatam a intolerância, e que punam a lgbtfobia.
A vereadora Filipa Brunelli (PT), primeira travesti eleita em Araraquara, disse que a sociedade mudou muito desde a primeira parada que aconteceu na década 1970, mas que as conquistas ainda não são suficientes.
“As paradas surgem para tirar os LGBTs dos guetos e fazer este debate com a sociedade, mostrar que existimos e para lutar por direitos igualitários”, defendeu a parlamentar.
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Para o psicólogo do Centro de Referência e Resistência LGBTQIA+ de Araraquara, Artur Augusto Fernando, o preconceito das famílias e da sociedade é um dos maiores dramas dos LGBTs atendidos.
Segundo ele, muitos chegam ao centro com ansiedade, depressão e angústia. Mas, além de um trabalho profissional e multidisciplinar, é preciso a participação da sociedade para vencer esta etapa.
“O movimento de hoje, a festa, a celebração, é uma das maneiras de contribuir para trazer à discussão pautas importantíssimas, como tolerância, respeito e integração das pessoas. Existe o aspecto da culpa, de trazer para si a responsabilidade dos preconceitos, e nós trabalhamos em vários aspectos e ajudamos a compreender todo este processo. A família, o apoio, o respeito da comunidade, é importantíssimo para a saúde emocional desta comunidade”, reforçou.
A assessora especial de Políticas LGBTQIA+, Erika Mateus, destacou que o movimento marca a macha constante de resistência. Mas que os direitos não são reivindicados apenas neste momento, mas na ocupação de espaços públicos, expondo as violências e as necessidades.
“A lgbtfobia existe porque a gente vive em uma sociedade que prega e vive esta normatividade. A gente sabe que o normal não é ser cisgênero ou heterossexual, é ser plural. Por isso a necessidade de conscientizar tanto os nossos quanto os que querem ser um aliado”, afirmou.
Segundo ela, a pandemia acentuou estigmas, principalmente, das mulheres trans. “Quando está parada volta às ruas, mostra que atravessamos este período vivas e que estamos resistindo e sobrevivendo a todo sistema lgbtfóbico”, disse.
A vereadora Filipa Brunelli destacou que mesmo após dois anos, o movimento continuou vivo e atuante.
“Independente de ficar dois anos sem poder colocar a parada nas ruas por conta da covid-19, independentemente de qualquer coisa, nada consegue eliminar o movimento LGBTQIA+, que é potente, resistente. Então, nós estamos orgulhosamente de volta às ruas, independente, de um governo fascista, de pandemia. Estamos aqui mostrando que somos orgulhosos; principalmente, em memória das LGBTs que perdemos para a covid-19 e para lgbtfobia, e para celebrar as LGBTs que estão vivas”, concluiu a parlamentar.